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Mostrando postagens de 2014

Relatos selvagens (filme de 2014)

"Relatos Selvagens. A tragicomicidade do cotidiano. “Que el mundo fue y será una porqueria ya lo sé… En el quinientos seis y en el dos mil también… Que siempre hay habido chorros, maquiávelos y estafáos, contentos y amargaos, valores y dublé… “ (Cambalache – Enrique Santos Discépolo) Dirigido por Damián Szifron e produzido por ninguém menos do que os irmãos Pedro e Agustín Almodóvar, Relatos Selvagens inova no formato e na abordagem e, mais uma vez, valida a qualidade e versatilidade do cinema argentino. A partir das pequenas grandes selvagerias já incorporadas ao nosso cotidiano – raiva, frustração, violência, corrupção, abuso de poder, traição, vingança, impotência, etc – Szifron tece uma antologia coesa, uniforme e de regularidade surpreendente! São seis histórias independentes e que, em nenhum ponto, nem por mais leve sugestão, se cruzam ou dialogam entre si. Em comum? Aquele momento em que a corda, de tão esticada, arrebenta. Relatos de fúrias. Reações de revolta, vin

Garota exemplar (filme de 2014)

A insistência do diretor David Fincher, junto à Fox, de ter Rosamund Pike como a protagonista de Garota Exemplar (Gone Girl, 2014) se justifica ao fim do filme. A atriz londrina dá vida, com sua beleza fria e sua figura fantasmagórica, a mais uma heroína trágica do cinema de Fincher, a exemplo de Ripley ou Lisbeth Salander, brutalizada e desumanizada para aprender a sobreviver no mundo dos homens. É como uma anti-heroína que Amy Dunne (Pike) se revela ao espectador no filme, que a roteirista Gillian Flynn adapta fielmente de seu próprio romance. Amy desaparece na manhã do seu quinto aniversário de casamento, na casa que divide com o marido Nick (Ben Affleck) na cidadezinha natal dele, no Missouri. À medida em que Nick vai se tornando, com os dias, o principal suspeito do sequestro (ou homicídio), ele percebe que talvez seja o verdadeiro alvo. O filme mantém tanto a estrutura quanto as viradas do livro, e embora tenha se falado muito, durante a produção do longa, que o final poderi

Na natureza selvagem (Filme de 2007)

" Na Natureza Selvagem é baseado numa história real, narrada por Jon Krakauer no livro homônimo. O escritor refez a trajetória de Chris McCandless pelos mais remotos pontos nos EUA em busca de respostas da mesma forma que Sean Penn, assumindo a função de diretor, leva às telas essa jornada pelo desconhecido. Chris McCandless (Emile Hirsh, excelente) acaba de se formar na faculdade e, assim como a maioria dos jovens nessa situação, não se sente preparado para assumir as responsabilidades da vida adulta, nem mesmo sabe, afinal, o que espera dela. São tantas as opções que ele escolhe doar seu dinheiro à caridade para partir de bolsos vazios a uma jornada em direção ao Alasca. Só ele e sua mochila. Na Natureza Selvagem mostra as pessoas que ele conhece na viagem, as situações incríveis (às vezes até invejáveis) pelas quais passa e, finalmente, a forma como ela termina. O que não é segredo para ninguém, já que a história de McCandles é notória, mas não cabe a mim comentar sobre isso.

O show de Truman (Filme de 1998)

"Show de Truman: Um homem tem sua vida inteira filmada e transmitida ao vivo pela TV, 24 horas por dia via satélite para todo o mundo, desde o seu nascimento. O filme começa a partir do episódio 10.909 desde o lançamento do Show. É o 30º ano ininterrupto de transmissão do "show" da vida de Truman Burbank como a primeira experiência de um "show real", pois Truman desconhece ser um personagem. Truman faz o “papel” de um corretor de seguros, é casado, e possui um amigo de infância, que sempre chega a sua casa com cervejas. Todos os dias cumprimenta seus vizinhos, da mesma forma, vai ao jornaleiro comprar revistas para sua mulher, encontra dois senhores que sempre prometem procurá-lo na seguradora.  Tudo acontece num grande estúdio, na verdade o maior estúdio cinematográfico do mundo, que ao lado da Muralha da China é a única construção humana visível do espaço, é uma ilha chamada Seahaven: as casas, as ruas, os automóveis, o céu, o mar, a lua, o anoitecer, e a c

A Bela e a Fera (filme de 2014)

"Como narrar de forma diferente uma história que já foi contada mais de uma vez nas telonas? O diretor Cristophe Gans (Terror em Silent Hill, O Pacto dos Lobos) e a equipe de A Bela e a Fera foram buscar a resposta em Hollywood, tão afeita a refilmagens e remakes. A produção é franco-alemã, mas é impossível não notar características comuns aos blockbusters americanos na nova versão da clássica fábula escrita por Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, que estreou no Festival de Berlim em fevereiro. A história você provavelmente já conhece: um comerciante viúvo (André Dussollier) perde toda sua fortuna e é obrigado a se mudar para o campo com os seis filhos - entre eles, a modesta Bela (Léa Seydoux). Ao tentar recuperar o dinheiro, ele se perde em meio a uma tempestade e acaba em um majestoso castelo, onde ele consegue a riqueza perdida, mas é condenado à morte pelo dono do local, a Fera (Vincent Cassel, escondido entre CG e modulação de voz), por roubar uma rosa. Ao saber o que acont

Tom Sawyer (Shin Takahashi)

"Haru é obrigada a retornar à sua cidade natal por conta do falecimento de sua mãe. Mas, nesta cidadezinha de interior, a mãe dela era alvo de fofocas maldosas e a própria Haru acaba sendo mal vista pela vizinhança. Em meio a tantas pressões da vida adulta, ela encontra um grupo de crianças, e um menino em especial, Taro, se torna seu companheiro em aventuras que a fazem descobrir o prazer de ser criança. São os “tempos de moleque” da Haru, expressão que simboliza um dos próximos lançamentos da JBC, “Tom Sawyer”! Volume 1 pela JBC.Volume 1 pela JBC. A obra de Shin Takahashi, baseada livremente no clássico de Mark Twain, foi publicada na revista shoujo Melody em 2007 e compilada em um volume enorme com quase 400 páginas com a história completa. Agora a JBC traz este mangá ao Brasil, cada vez mais diversificando os tipos de histórias que publica. É um shoujo sensível, com drama, humor e leveza, repleto de personagens cativantes, além de contar com a belíssima arte de Shin Ta

Eu, Fernando Pessoa (Susana Ventura e Eloar Guazzelli)

"O trabalho de Eloar Guazzelli tem uma relação estreita com a literatura: ele já ilustrou ou adaptou obras de escritores diversos, como William Faulkner, Eça de Queiroz, J.M.G. Le Clézio e Lygia Fagundes Telles. É com Fernando Pessoa, porém, que o ilustrador gaúcho mantém o vínculo mais produtivo. Em 2012, publicou o álbum “Fernando Pessoa e outros Pessoas” (Saraiva), que apresentava a obra do poeta português aos jovens leitores de forma inventiva. Este ano, lançará mais um álbum sobre o autor, intitulado “Eu, Fernando Pessoa” (Peirópolis), no Salão da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 13 de junho — dia do nascimento do poeta. Em suas pesquisas, Guazzelli conta ter chegado a “uma visão mais profunda dos heterônimos” criados pelo português. Foram dezenas, dos quais os mais conhecidos são os poetas Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos e o ajudante de guarda-livros Bernardo Soares, do “Livro do desassossego”. — Conviver com essa personalidade mu

Fábulas (La Fontaine)

"Permitam-me iniciar essa resenha com uma nota pessoal: sou um admirador semicontido de ditos populares. Já ouvi muito ser dito a respeito de serem eles chavões, frases feitas ou expressões tão gastas que perderam seu sentido, mas não consigo deixar de estender meus pensamentos à reflexão cada vez que um deles é utilizado em minha presença. Há aqueles clássicos como “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” ou “Em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Tem alguns outros que carregam uma advertência velada, como “Em boca fechada não entra mosquito” ou “O apressado come cru”. Isso sem contar um dos meus favoritos, que considero rascante, que é “Caixão não tem gaveta”. É um fato que tirando-os dos contextos em que foram utilizados, eles acabam perdendo um pouco de sua força. Isso não deixa, contudo, que eles percam aquele algo de ligeiramente filosófico que há em cada um deles, ainda que a pessoa que os utilize muitas vezes o faça mais pela repetição oportuna do que propria

Estações (Gabriel Chalita)

" Resenha Estações, de Gabriel Chalita (  pp.), é um pequeno livro de poemas marcado por uma grande simplicidade de dicção, posta a serviço dos maiores temas da literatura: o tempo, o amor, o destino, a esperança, a desesperança, o desejado, o imprevisto, os encontros, os desencontros, os reencontros, recapturados em recortes verbais cuja espontaneidade e cuja sensibilidade os tornam novos de novo. A eles se soma o belo trabalho gráfico da ilustradora Elma, com desenhos em lápis em apenas três cores, o branco, o preto e o ocre, em uma elegância contida que ganha vida e vigor num jogo de alternâncias, em que ora uma cor ocupa o fundo e a outra a figura, em traços sutis porém proporcionalmente expressivos. Oscilando do verso mais tradicional, rimado, à prosa poética, e de poemas curtos como haicais a quase contos, os textos são unificados por uma dicção, uma voz, que fala intimamente ao leitor de circunstâncias, ao mesmo tempo, particulares e universais, práticas e existenciais, com

100 dicas para viajar melhor (Ricardo Freire)

Há três anos, o publicitário Ricardo Freire, vive para as viagens, tem um blog (Viaje na Viagem), uma coluna quinzenal na revista Época (responde dúvidas de leitores sobre melhores hotéis ou bons itinerários), um programa na TV Cultura e outro na rádio Paradiso FM (RJ). E para continuar no tema, escreveu o livro '100 dicas para viajar melhor - Idéias para antes, durante e depois de sua viagem'. In: www.livrariacultura.com.br

Quién quiere a los viejos? (Ricardo Alcántara)

Romance para adolescentes sem protagonistas nessa faixa etária. Ao contrário, quem estrela a história são duas pessoas de bastante idade. A trama é forte e ótima para trabalhar o tema do respeito aos mais velhos.

Rufo y Trufo cambian de casa

Livrinho com história interessante para crianças que gostam de animais.

La lechera (Pepe Maestro)

Boa adaptação com ótimas ilustrações.

Macanudo 1 a 5 (Liniers)

“Macanudo” não é um termo muito usado em língua portuguesa, apesar de sua existência em nosso idioma. Para quem não sabe (nem eu fazia ideia), significa alguma coisa que é muito legal, bonita, agradável, que passa alegria e admiração. Portanto é uma palavra que transmite algo muito positivo. E é também um título bem apropriado para as tiras de Ricardo Siri Liniers. Apesar de muitas tiras apresentarem histórias que não se marcam pelos seus personagens, alguns deles podem ser vistos com uma regularidade. Temos Enriqueta, a menina esperta com seu ursinho de pelúcia Madariaga e seu gato Fellini, com quem tem conversas profundas; há também os pinguins, os duendes, o robô sensível Z-25, o “homem que traduz os títulos dos filmes”, os pássaros, os sapos, os peixes. Em sua maioria, os personagens de Liniers são simples. É o mímico medíocre, a garotinha esperta, pessoas realizando atividades comuns e rotineiras. Mas ele trata de assuntos comuns e rotineiros de uma forma encantadora, com uma

Bidu - Caminhos (Eduardo Damasceno e Luís Garrocho)

"E finalmente saiu Bidu! A quinta Graphic Novel da coleção Graphic MSP e a primeira da segunda fase. Posso adiantar que no final você já vai chamar o Bidu de Biduzinho e falar com ele como fala com seus animais de estimação. Mas não vamos passar o carro na frente dos bois. Bidu, Caminhos conta a história do famoso cachorro azul de Franjinha antes de ele ser do Franjinha. A história em quadrinhos mostra exatamente como se encontraram, ou seja, os caminhos que Bidu teve de percorrer para isso e que não foram nada fáceis. " In: http://leitorcabuloso.com.br/2014/09/resenha-bidu-caminhos-eduardo-damasceno-e-luis-felipe-garrocho/

Crime e castigo (Dostoiévski)

"Crime e Castigo é um dos maiores romances da história e tem como uma característica o fato de ser um livro que reproduz a angústia psicológica de um personagem que desde o início já sabemos ser um assassino. O estilo de Dostoiévski é inconfundível, já que ele reproduz os pensamentos e as dúvidas mais íntimas dos personagens. O romance começa narrando a história de Raskólnikov, um estudante que vive de aluguel em um pequeno apartamento que pertence a uma velha usurária. Raskólnikov ganha dinheiro fazendo pequenas traduções, no entanto, vive à beira da miséria. Como é um jovem muito neurótico e introspectivo,o estudante ( na verdade ex-estudante) durante seus vários momentos ociosos formula uma tese que pensa ser original: homens com César e Napoleão foram responsáveis por milhares de mortes, entretanto, foram considerados pela história como grandes heróis e conquistadores. Por que Raskólnikov pensa dessa maneira? Porque ele se vê oprimido pela velha dona do apartamento- que no liv

Dhoom 3 (filme de 2013)

The bad guy this time is played by Aamir Khan, one of the biggest stars to come out of Bollywood in the past twenty years. And, frankly, he steals the show. With little plot to actually go on, the movie relies on the performance of the actors. While Abhishek Bachchan delivers his Jai more stoic than ever and Ali is goofier than ever, even going as far as to admit that his brain is like a raisin (“Small, but sweet”, he says), our duo of heroes delivers little in the way of new elements to the movies. In fact, you’ll probably recognize the story or rather elements of it from other movies, in addition to the fact that the movie’s been shot in some of the same locations Christopher Nolan’s The Dark Knight was shot and borrows from that movie’s visuals occasionally. Anyways, Aamir Khan. He steals the show. No questions. He portrays the villain of the story with enough smugness to make him a very badass character. There’s not much depth to him other than him being the orphaned child of a c

As melhores tiras do Cascão

Boa edição, com tirinhas interessantes. 

Uma história de Sarajevo (Joe Sacco)

" No final dos anos 1980 a Iugoslávia se dissolveu. Marcada por diferenças étnicas, políticas e religiosas, os países que então compunham e ex-Iugoslávia foram sentindo a crise da queda do regime comunista na Guerra Fria, principalmente a Sérvia e a Croácia, marcadas agora pelo nacionalismo, e foram conquistando sua independência. Mas essa crise posteriormente seria sentida também na Bósnia-Herzegovina, que entre 1992 e 1995 entrou em guerra justamente por conta da conquista de sua independência. Essa guerra entre sérvios e muçulmanos, com reviravoltas e partidos e grupo militares trocando de lado diversas vezes, causou verdadeira destruição no país e promoveu uma limpeza étnica por parte dos sérvios, muito semelhante à que ocorreu na Segunda Guerra Mundial. Os impactos dessa guerra são narrados por Joe Sacco em Uma História de Sarajevo, publicado pela editora Conrad. Jornalista maltês especializado em coberturas de áreas de conflito, ele inicia o livro a partir de um relato fei

José e Pilar (Miguel Gonçalves Mendes)

As entrevistas feitas por Miguel Gonçalves, que guiaram o lindíssimo filme sobre a vida de Saramago, têm a vantagem de revelarem um personagem que nada tem de coadjuvante: Pilar, com suas ideias fortes e convicções inabaláveis, é tão ou mais encantadora do que aquele que deveria ser o foco central da conversa. Trechos: "José: [...] uma pessoa pode, enfim, por uma perda da pessoa a quem ama, por exemplo, suicidar-se, a isso chamaria eu morrer de amor. Agora não há nenhuma doença do amor, ou melhor, as doenças do amor são de outra natureza, são o cansaço, são o aborrecimento, são a rotina, essas são as doenças do amor. Agora, morrer de amor? Não sei. Pilar: Pode-se morrer de sofrimento, pode-se morrer de desgosto... Disso que falávamos antes, de perversão, da perversão dos sentimentos que podem ir consumindo, mas o amor é expansivo, enche tudo. Não se pode morrer de amor. Creio que se vive de amor." *** "A cultura, que é o melhor e único bem possível." (

Cartas para Julieta (filme de 2010)

Por que inventei de assistir a uma comédia romântica, algo que tão pouco tem a ver com a minha personalidade? Porque, zapeando os canais, dei de cara com o Gael García Bernal. E, de fato, ele e as paisagens da Itália são as únicas coisas que valem a pena neste longa. E a protagonista merece ódio eterno por ter trocado o personagem de um Gael por um mocinho bem-comportado e bem sem-graça.

As três Marias (Rachel de Queiroz)

Protagonistas femininas para um romance escrito por uma mulher - uma mudança de perspectiva tão necessária em meio a esses nossos cânones machistas. Rachel de Queiroz é escritora de mão cheia, e não se deixa vender ao estereótipo de moça que escreve para relatar seus conflitos pessoais. Sua obra é social, intensa, mas sem diminuir o interesse psicológico de seus personagens. Trechos: "A gente pensa que a infância ignora os dramas da vida. E esquece que esses dramas não escolhem oportunidade nem observam discrição, exibem-se, nus e pavorosos, aos olhos dos adultos e aos dos infantes, indiferentemente." "-Conheça o teu lugar, minha filha.. (Isto é: 'Pense em quem é você, na mãe que lhe teve, mulher sem dono e sem lei, que lhe largou à toa, criada por caridade. A vida se mostra, à sua frente, bela, sedutora, iluminada. Mas, para você, é apenas uma vitrina: não estenda a mão, que bate no vidro; e não despedace o vidro; você sairá sangrando... Contente-se

Pé na África (Fábio Zanini)

O livro de Fábio Zanini é uma aula de história da África - aliás, uma história de alguns países da África, uma vez que esse continente tem 56 nações, cada uma com o seu passado, suas etnias, línguas e características próprias. Para nós, que tratamos a África como um bloco único, esta é uma obra tão indispensável quanto prazerosa. Em uma época como a nossa, de tanto desconhecimento histórico e racismo estúpido, saber um pouco mais sobre esse continente é necessidade de primeira ordem. Trechos: "Mas mochileiro continuei, apesar de vez por outra me render ao táxi ou a um restaurante mais caro. Mochilar não é apenas o ato de enfiar uma mochila nas costas. É um conceito, o de sentir quase um orgulho masoquista de passar perrengue. De viajar apertado no pau de arara e comer sanduíches suspeitos em feiras livres, sem se importar com o dedão sujo da figura que te serviu. E dormir em moquifos, que podem ser simplesmente moquifentos (sem privada, chuveiro e papel higiênico) ou mais

O gênio e as rosas (Paulo Coelho, Mauricio de Sousa)

A turminha famosa de Mauricio de Sousa dá o ar da graça para ilustrar contos (nem sempre interessantes, muitas vezes recontados/plagiados) de Paulo Coelho. Não deixa de ser uma junção instigante para a garotada, ainda que a maioria das histórias peque pelo excesso de lições de moral.

Gato pra cá, rato pra lá (Sylvia Orthof)

Bem escrito e com belas ilustrações, o livro é envolvente e oferece a mais pura poesia aos pequenos. O clichê do gato e rato é adaptado de forma leve, mas sem pender para clichês do tipo Tom & Jerry.  Como diz a própria autora:

Valente para todas (Vitor Cafaggi)

Valente é um cachorro passando pela adolescência humana: seus traumas, medos, vontades correspondem ao período mais agitado de nossa existência. E, como em uma fábula de Esopo, o personagem animal se relaciona com diferentes espécies: macacos, ursos, tigres, gatos... No entanto, as semelhanças param por aí. Não é o intuito do autor dar lições de moral por meio de animais com personalidade própria. Pelo contrário: Vitor Cafaggi desenha seu zoológico particular buscando retratar o que há de mais humano em nós. O efeito de um desenho cativante, de uma trama bem realizada e da ideia de protagonizar as histórias com o cachorro Valente é muito interessante. Vale a leitura.

Sétimo (filme de 2014)

Tenho a percepção de que todos os filmes que estrelam Ricardo Darín são muito bons - ou, pelo menos, bons o suficiente. Este longa de suspense com o multifacetado ator argentino no papel principal entra na segunda categoria - é interessante, mas não chega a ser nenhuma obra de arte indispensável. No entanto, o que garante coesão e solidez a uma trama não tão bem desenvolvida é, sem dúvida, a interpretação de Darín. Todo o enredo gira em torno do suspense do sequestro dos filhos de um advogado. Por estar envolvido em questões políticas e ter vários desafetos também na vida pessoal, é difícil descobrir quem foi o responsável pelo sumiço das crianças. A tensão se mantém até o final, que, como em todo bom filme de suspense, é surpreendente. Creio que os maiores defeitos da obra são a fotografia, que não acompanha o ritmo da narrativa, e a trilha sonora de novela mexicana. O excesso de melodramaticidade não combina com a boa história que tentou ser contada.