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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Palavrões (filme de 2013)

Eu, usual fã do politicamente incorreto contra as hipocrisias do moralismo, apesar das minhas convicções me juntei ao time dos que acharam este filme pesado. As piadas em relação aos imigrantes e as cenas em que uma criança bebe e toca uma prostituta são desnecessárias, sem contexto que justifique a sua presença. Apesar de tudo, conhecer o cenário das famosas competições internacionais do jogo "Soletrando" é interessante (ao menos para quem fez Letras). De resto, apesar de prender a atenção, a trama é um tanto previsível e bastante preconceituosa.

Malévola (filme de 2014)

Com a crescente liberação feminina e a ação de empoderamento, os contos de fadas a la Disney precisaram ser recriados. Afinal, quem nasceu antes dos anos 2000 foi domesticada com histórias de princesas passivas e submissas, que só poderiam ser salvas pelo beijo de um príncipe encantado.  No entanto, mesmo tentando romper o clichê do bem x mal e do homem salvador, Malévola recria estereótipos. A princesa continua sendo dócil, meiga e delicada, assim como seriam todas as mulheres caso não sofressem desilusões amorosas (conforme o filme leva a crer). Os cenários são bobos, as músicas são previsíveis, as atuações são rasas. Maldade mesmo é nos obrigarmos a assistir isso.

Tocando o vazio (filme de 2003)

São comuns os filmes de aventura com histórias aflitivas, muitas vezes baseadas em casos reais. Nesse quesito, pensava que "127 horas" ganhava como obra que mais intensamente explora as agruras da solidão em um combate do homem com o meio. "Tocando o vazio", contudo, é um longa que me pareceu ainda mais cruel. O estado a que os personagens chegam, seus atos de moral duvidosos, e o quanto a natureza intervém de forma destrutiva são fatores que nos prendem a atenção, mas também que tornam o processo de assistir à história muito mais dolorido. A ambientação da trama nas montanhas do Peru relembra os princípios dos povos primitivos da região: para eles, uma montanha era um ser divino, ao qual se faziam oferendas, esperando em troca a paz da natureza. Para os nativos que convivem com avalanches, nevascas, e que conhecem os efeitos da altitude, não é de se estranhar que os montes sejam endeusados. E o par de aventureiros, ao desafiar com audácia a magnitude

A boa mentira (filme de 2014)

Sempre desconfio dos filmes de Hollywood que retratam, de alguma forma, algum dos países do continente africano ou a relação racial de preconceito e discriminação contra os negros. Este longa não parece prometer muito, a julgar pelo trailer e cartazes de divulgação, em que uma atriz branca ocupa o papel de destaque. Histórias em que um branco bonzinho salva os negros passivos são comuns no nosso panorama cinematográfico, apesar de serem tão discriminadoras quanto a realidade que denunciam. "A boa mentira" salva-se neste cenário desolador, pois mostra o choque cultural de refugiados do Sudão do Sul de uma forma interessante. O foco do filme, quase o tempo todo, é a história do grupo de irmãos que precisa se adaptar à realidade estadunidense, aprendendo a lidar com desafios quase tão terríveis quanto a fome. A parte inicial é a que mais me chamou a atenção, ao mostrar que, apesar da seca, da falta de alimentos, da pobreza, o que realmente inviabiliza o desenvolvimen

Livre (filme de 2014)

O filme é bem fiel ao livro de Cheryl Strayed, autora que, em determinado momento de sua vida, abriu mão de todas as certezas para empreender uma viagem andarilha por uma famosa trilha dos EUA. No entanto, para quem não se arriscou na aventura da leitura, não sei se a impressão que o longa causa é tão intensa. Apesar de ser um filme sobre aventura e desapego das certezas, é uma obra que foca mais na viagem interior da protagonista. As paisagens grandiosas contrastam com o sofrimento e o balanço de contas que a personagem faz da própria vida. A luta de Cheryl com a mochila, que será sua casa durante 3 meses, é uma das várias metáforas que retratam a vida de mochileiro. Ao longo da trilha, a protagonista vai criando coragem e motivação para seguir adiante, ao mesmo tempo que lida melhor com os percalços da viagem e da sua história pessoal. Uma longa caminhada, isolada de contato humano por boa parte do tempo, é o pretexto que Cheryl usa para rememorar sua biografia e