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Mostrando postagens de março, 2015

Singularidade (Danilo Beyruth)

Danilo Beyruth lançou a linha de comic books da Turma da Mônica com linguagem mais adulta e artística. Este seu segundo livro dentro da coleção continua a saga de Astronauta pelo espaço, iniciada com "Magnetar". No entanto, ao contrário de sua obra de estreia sobre os desenhos de Mauricio de Sousa, esta é uma composição mais técnica, que trabalha com vários conceitos físicos nem sempre de fácil compreensão. É uma leitura que prende a atenção, apesar do modelo da história lembrar muito o roteiro de algumas histórias hollywoodianas. Para quem gosta do tema viagem no espaço, é um prato cheio.

Menina infinito (Fabio Lyra)

Os quadrinhos nos apresentam a uma personagem Mônica muito peculiar, com personalidade tão forte quanto a sua xará de gibis infantis. São três histórias reunidas em um só comic book , sem ordem cronológica ou apresentação detalhada dos personagens. Somos inseridos já em meio à trama, mas é possível ir entendendo, aos poucos, os percalços pelos quais passam os protagonistas. A linguagem é jovial e cativante. As referências culturais são um dos pontos mais fortes de identificação com um leitor nerd: são muitos os filmes, músicas, bandas etc. citados. Os personagens se definem por seus gostos peculiares, suas coleções de LPs, suas manias de fãs de determinados grupos e produções. As paixões de Mônica e seus amigos  não só guiam o roteiro como estampam seus quadros, suas camisetas, seus pôsteres, suas capas dos discos etc. Assim, são histórias com um fundo de referências que ganha importância cada vez maior ao longo da leitura, reforçando a intertextualidade.

Precisamos de novos nomes (NoViolet Bulawayo)

Este é um romance do Zimbábue - uma região absolutamente desconhecida para o Ocidente, com sua cultura, literatura e necessidades. A escritora NoViolet Bulawayo preenche esse vazio ao publicar uma obra poderosa, traduzida para diversas línguas, inclusive o português. "Precisamos de novos nomes" retrata aquela infância africana típica de comerciais de entidades filantrópicas - crianças com poucos bens materiais, muitas vezes com fome, criadas por famílias sem estrutura e desesperançadas. No entanto, conforme a protagonista do romance vai crescendo, sua visão rompe o clichê. É a vez de o Ocidente escutar o que uma menina do Zimbábue pensa sobre as supostas boas ações de ONGs e demais órgãos caritativos. O modo como a nossa pretensão de bondade atua - sempre distante, nunca se envolvendo de fato com os desfavorecidos - é uma farsa.  O olhar sobre a imigração, o ser estrangeira em uma terra hostil, é outro dos pontos que dão vigor ao romance.  Inicialmente, é um livro q

Em boa companhia (filme de 2005)

O filme retrata o meio empresarial com muita fidedignidade: quem trabalha em grandes companhias tem identificação imediata com as cenas de demissão em massa, de contratação de gerentes de acordo com o gosto do mercado, de desejo de venda muito maior do que o respeito à experiência dos funcionários. Apesar de inicialmente parecer mais uma comédia romântica, o foco da narrativa são dois empresários (um experiente, outro jovem e inovador) que se confrontam a todo momento, sem perceber que são complementares. Além do contexto verossímil, a obra conta com atuações muito boas, o que garante uma comédia engraçada, sem ser escrachada ou abusiva. É um longa que traz a reflexão sobre os valores no trabalho de forma divertida, porém não superficial.

Clube da leitura de Jane Austen (filme de 2007)

Jane Austen é uma autora muito focada nas relações amorosas, com o típico olhar de uma mulher burguesa do século XVIII. Suas tramas românticas são pautadas pelos sofrimento dos personagens e por algumas críticas à configuração da sociedade em seu tempo. Seguindo a autora como tema central, o filme também tem como meta avaliar as diversas formas de amor, já no nosso século: um casal lésbico, um casal divorciado, uma mulher sempre em busca de novos maridos, uma mulher que acredita ser a solidão a melhor companheira. É um filme de "mulherzinhas", com temáticas demasiado açucaradas. No entanto, o fundo literário da obra é interessante e ajuda a compreender Jane Austen com uma visão mais contemporânea.

Jogo da imitação (filme de 2014)

O filme narra a história de Alan Turing, um matemático que lançou as bases da computação por meio das teorias que desenvolveu durante seu trabalho na Segunda Guerra Mundial. Pesquisador excêntrico, o personagem ainda sofre com sua homossexualidade, considerada doença na época. Apesar de serem todos aspectos interessantes, talvez este excesso de temas em uma só obra seja o defeito maior da trama que, no geral, é muito boa. Mais do que as atuações ou a produção (com boa fotografia, direção etc.) o que mais chama a atenção na história é saber que ela é baseada em fatos reais. Não apenas a biografia de Turing - mas sim o jeito como a guerra foi manipulada, e como várias vidas se perderam inutilmente. Conhecer a frieza com que a Segunda Guerra foi conduzida é o tipo de reflexão a que não temos acesso na escola e que pode mudar nosso modo de entender a política mundial. Por ter uma visão nova sobre a história mundial, que foge da abordagem maniqueísta (judeus morrendo injustame

Curvas da vida (2012)

Tem o Clint Eastwood dirigindo e atuando. Tem o Justin Timberlake, que não costuma pecar nas atuações. Tem boa fotografia. No entanto, apesar de todos os fatores conspirarem para um bom filme, "Curvas da vida" é entediante e absolutamente previsível. Toda a história gira em torno de um olheiro de baseball prestes a se aposentar e a ficar cego. Talvez este seja um dos aspectos que menos me interessaram na história, pois, tirando as narrativas com o Charlie Brown e o Snoopy, é um esporte que não me atinge emocionalmente. No entanto, já vi filmes sobre o críquete (ainda menos conhecido aqui no Brasil) que foram melhor elaborados. O diretor parte do princípio que todo o mundo gosta do esporte, e crê que isso é o suficiente para atrair a atenção do público, justificando uma trama fraca e insossa. Não vale a pena. E nem um home run .