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Mostrando postagens de janeiro, 2016

A casa do céu (Amanda Lindhout)

Apesar de já saber, antes da leitura, que se tratava de um livro sobre o cativeiro de uma jornalista canadense na Somália, não fazia ideia de que iria encontrar, na obra, um relato de viagem tão fascinante.  Amanda Lindhout, nos primeiros capítulos, traça uma breve autobiografia, procurando entender (ao mesmo tempo que justifica para o leitor) de onde veio a sua vontade de conhecer o mundo. A autora volta à infância, cheia de traumas, para buscar as origens do seu escapismo: primeiro nas páginas da National Geographic e, após os primeiros empregos, em passagens de avião para destinos exóticos e surpreendentes. Sem ter feito nenhuma faculdade até então, a canadense transformou seu conhecimento de mundo em trampolim para uma iniciante carreira na fotografia e no jornalismo. No entanto, por ser rechaçada nas panelinhas dos jornalistas sérios e diplomados, decide desbravar um território ao qual ninguém vai e do qual poucas notícias chegam: a Somália. Ao longo do seu traumátic

A Condessa Sangrenta (Alejandra Pizarnik)

Alejandra Pizarnik recolhe uma série de dados históricos para compor um relato das crueldades de uma condessa russa, responsável pela morte de cerca de 650 moças. Aliás, não só morte: o livro descreve como cada uma dessas meninas foi torturada até o extremo e os variados métodos para obter um falecimento lento e doloroso. É um livro de cerca de 50 páginas, mas de revirar o estômago. É ricamente ilustrado; entretanto, nem a edição primorosa e nem o fato de ser obra de uma poeta argentina famosa fazem da obra algo literário. Trata-se apenas de um relato mórbido - algo como um Cidade Alerta da Rússia de 300 anos atrás.

Cadê você, Bernadette? (Maria Semple)

Apesar de não ser muito o meu estilo de livro, não dá para negar que "Cadê você, Bernadette?" é dono de uma linguagem ágil, cativante - o tipo de obra ideal para passar o tempo, em uma fila de espera ou em meio ao trânsito. Não é um enredo que exige muito do leitor, mas nem por isso deixa de ser uma história interessante (até certo ponto). A protagonista, Bernadette, é muito bem caracterizada e responsável, em grande parte, pelos pontos positivos do livro. Trata-se de uma mulher de meia-idade, um tanto frustrada profissionalmente, que resolve seus problemas com sarcasmo e algumas mentiras cabeludas. Dona de vários complexos (sendo o principal a falta de vontade de conviver socialmente), a personagem acaba sendo muito engraçada, já que boa parte da narrativa (quase epistolar) é contada sob seu ponto de vista. Outro aspecto que me interessou na obra é a descrição de uma viagem à Antártida, já que relatos de viagem sempre me atraem. No entanto, apesar dos pontos pos

Onde vivem os monstros (filme de 2009)

Já havia escutado falarem muito bem ou extremamente mal do filme, com doses similares de amor ou ódio. O mesmo se aplicava ao livro, pelo qual não morri de amores: apesar de bem ilustrado, não vi muito potencial no enredo. Ao assistir ao filme, com baixas expectativas, fui surpreendida positivamente. Ainda que não seja minha história infantil preferida, gosto do tom mais intimista da trama, que busca mostrar os conflitos de um garoto em meio às mudanças de seu contexto familiar. O trabalho de edição é primoroso, com a criação de monstros verossímeis (sem cara de animação de videogame) em um cenário encantador. Além do mais, o diretor soube desenvolver bem a história, considerando que esta se baseia em um livro bastante curto, quase sem falas. O resultado é uma obra de bom gosto, que contraria a máxima de o livro é sempre melhor do que o filme.