Para quem leu 1Q84, este livro é uma espécie de gênese da obra: publicado quase 10 anos antes, já traz alguns dos motes que serão muito melhor reaproveitados por Murakami na narrativa de Aomame e Tengo.
São 6 histórias que, aparentemente, têm como pano de fundo o terremoto. No entanto, o tremor de terra pouco chega a interferir na estrutura das narrativas. Se ele era o elemento de coesão entre as histórias, sua função deveria ser quase a de um personagem, ao invés de um simples elemento do cenário.
O final da maior parte dos contos deixa a desejar. Murakami propõe finais abertos sem consistência, que não instigam o leitor a pensar em novas possibilidades, em significados ocultos; parecem simplesmente histórias mal escritas.
As duas narrativas finais, sobre a rã e sobre o urso, apesar do tom mais surrealista/infantil, são as que melhor conseguem atingir o leitor, capturá-lo pela empatia. Mas, como o desfecho não salva toda a obra, vale apenas como curiosidade: um meio para conhecer o Haruki Murakami inicial, aquele que ainda não era um grande escritor.
Nota: 5,0
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