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Mostrando postagens de agosto, 2014

O clube dos suicidas (Robert Louis Stevenson)

Composto de três histórias, o livro do autor de "O médico e o monstro" tem qualidade desigual. O conto que nomeia a obra é bastante interessante, e instiga os leitores (principalmente aqueles que gostam de uma boa história policial). Ainda que não seja a melhor narrativa do século, é bem escrita e tem como eixo central uma ideia que desperta a curiosidade. As outras duas peças que compõem a obra deixam a desejar. Ainda que tenham os mesmos personagens, não conseguem sustentar uma trama surpreendente (mesmo assim, se encaixam também na categoria de contos policiais, e podem agradar a quem gosta do gênero). Trechos: A existência de um homem é tão fácil de destruir e tão poderosa de ser vivida! Ai de mim, existe algo na vida tão decepcionante quanto realizar nossos desígnios? O bem e o mal são uma quimera; nada existe a não ser o destino. A juventude é a época da covardia, quando os problemas sempre parecem mais negros do que são.

Planeta dos Macacos - O Confronto

Desse filme, esperava apenas efeitos especiais mirabolantes e macacos-máquinas-mortíferas. Não contava com uma boa história, que é o verdadeiro eixo desta obra, ainda que haja um ou outro toque megalomaníaco de Hollywood. Tenho paixão por tramas que mostram a corrupção do caráter, o quanto o homem se perde fácil na busca por mais poder. Dogville, Dançando no escuro, O senhor das moscas são alguns de meus filmes preferidos, que seguem essa linha narrativa. Ainda que Planeta dos Macacos não seja tão profundo, sabe mostrar bem a degradação de uma sociedade, em princípio, ideal. César e seu filho merecem destaque enquanto personagens redondos, que conseguem surpreender o espectador - vão além das categorias "bonzinhos" x "mauzinhos". Nesse aspecto, os macacos são mais interessantes que os humanos na obra (que ficam presos a papéis mais clichês). Perto do filme anterior, o confronto dos macacos é bem melhor realizado. Indicado tanto para quem gosta de cenas de ação...

Contos de lugares distantes (Shaun Taun)

Já sabia que Shaun Taun era um desenhista fora de série, descoberta que fiz ao me deparar com a sensível obra "Imigrantes". No entanto, em "Contos de lugares distantes", não só renovei essa percepção como descobri a sua faceta enquanto escritor - igualmente deslumbrante. Cada conto deste livro é uma peça única, delicada, que metaforiza sentimentos e aspirações universais (e também íntimas, pessoais). Por vezes, o que mais fala é o desenho; em outras, é a escrita. Mas, de maneira geral, o casamento entre texto e ilustração é ótimo. As diferentes técnicas utilizadas nas imagens tornam a leitura ainda mais dinâmica (ainda que este dinamismo não signifique falta de profundidade). Recomendo, obrigo a leitura. Todo livro que reflete tão belamente sobre a nossa humanidade merece ser conhecido.

Contos Fluminenses (Machado de Assis)

Um dos primeiros livros do autor carioca, Contos Fluminenses ainda escorrega no Romantismo, com a composição de personagens um tanto idealizados e a construção de um narrador sem a agudeza do Machado mais experiente. Nenhuma das narrativas beira os clássicos posteriores, e só são interessantes para quem tem curiosidade pelos primeiros escritos de um dos maiores escritores brasileiros.

A cartomante e outros contos (Machado de Assis)

A edição da Moderna, apesar da capa bastante feia, pouco atrativa (vide abaixo), se destaca sim pelo conteúdo. A obra reúne os melhores contos machadianos: além de A Cartomante, temos os clássicos A causa secreta, Pai contra Mãe, Missa do Galo... Reler Machado é sempre gratificante. Um pecado é lê-lo como obrigação escolar aos 14, 15 anos, quando ainda não temos maturidade para entender seu cinismo, agudeza de opiniões, ironias afiadas. Ler sua obra conforme os anos passam é uma oportunidade de começar a entender a sua visão de mundo, a construção dos personagens, as entrelinhas dos diálogos e, inclusive, o significado dos silêncios.  Na obra do autor carioca, nada passa despercebido: até o personagem que se cala tem muito a dizer. O personagem que muito diz, por sua vez, precisa ser analisado pelas entrelinhas do seu discurso. As aparências são postas à prova a cada linha dos contos. Para quem, apesar do trauma escolar, pretende dar uma nova chance ao bruxo do Cosme Velho, nad...