O livro é um curso de leitura atenta de narrativas, com um olhar muito sensível à construção das frases, escolha dos personagens, implícitos na voz do narrador... Esse modo de ler, que me ensinou a entender gêneros antes inalcançáveis e que me fez amar meu curso de Letras, é chamado, não aleatoriamente, close reading.
Por meio do olhar perspicaz de Francine Prose, somos conduzidos para perto (e, muitas vezes, jogados dentro) das histórias, atentos a cada detalhe. E, como boa estudiosa da área, a autora sabe que não existem fórmulas definitivas para ensinar métodos de leitura. Tanto assim é, que um capítulo da obra basicamente diz "esqueçam tudo o que eu disse até agora e leiam Tchekhov". O autor russo, paixão em comum entre a escritora e eu, é um clássico exemplo de como fugir às regras e, mesmo assim, criar narrativas arrebatadoras.
Nem todos os exemplos de romances e contos escolhidos me conquistaram. Como se trata se uma seleção muito pessoal, a autora se leva por idiossincrasias próprias, mas que não anulam o vigor da sua exposição.
Trechos:
Como a maioria dos escritores, talvez todos, aprendi a escrever escrevendo e lendo, tomando os livros como exemplo.
Leio minuciosamente, palavra por palavra, frase por frase, ponderando cada aparentemente mínima decisão tomada pelo escritor. E embora seja impossível recordar todas as fontes de inspiração e instrução, posso lembrar os romances e contos que me pareceram revelações: poços de beleza e prazer que eram também livros didáticos, aulas particulares da arte da ficção.
A maioria das pessoas que tenta escrever experimenta não só necessidade de coragem como desalento, à medida que as consequências reais ou imaginárias - falhas e humilhações, exposição e inadequação - dançam diante de seus olhos através da tela ou da página vazias. O medo de escrever mal, de revelar algo que gostaríamos de manter oculto, de cair no conceito dos outros, de violar nossos próprios padrões elevados, ou de descobrir algo sobre nós mesmos que preferiríamos ignorar são apenas alguns dos fantasmas amedrontadores o suficiente para levar o escritor a se perguntar se não haveria emprego disponível como lavador de janelas de arranha-céus.
Quanto mais lemos, mais rapidamente somos capazes de executar o truque mágico de ver como as letras foram combinadas em palavras dotadas de sentido. Quanto mais lemos, mais compreendemos, mais aptos nos tornamos a descobrir novas maneiras de ler, cada uma ajustada à razão que nos levou a ler um livro particular.
Por meio do olhar perspicaz de Francine Prose, somos conduzidos para perto (e, muitas vezes, jogados dentro) das histórias, atentos a cada detalhe. E, como boa estudiosa da área, a autora sabe que não existem fórmulas definitivas para ensinar métodos de leitura. Tanto assim é, que um capítulo da obra basicamente diz "esqueçam tudo o que eu disse até agora e leiam Tchekhov". O autor russo, paixão em comum entre a escritora e eu, é um clássico exemplo de como fugir às regras e, mesmo assim, criar narrativas arrebatadoras.
Nem todos os exemplos de romances e contos escolhidos me conquistaram. Como se trata se uma seleção muito pessoal, a autora se leva por idiossincrasias próprias, mas que não anulam o vigor da sua exposição.
Trechos:
Como a maioria dos escritores, talvez todos, aprendi a escrever escrevendo e lendo, tomando os livros como exemplo.
Leio minuciosamente, palavra por palavra, frase por frase, ponderando cada aparentemente mínima decisão tomada pelo escritor. E embora seja impossível recordar todas as fontes de inspiração e instrução, posso lembrar os romances e contos que me pareceram revelações: poços de beleza e prazer que eram também livros didáticos, aulas particulares da arte da ficção.
A maioria das pessoas que tenta escrever experimenta não só necessidade de coragem como desalento, à medida que as consequências reais ou imaginárias - falhas e humilhações, exposição e inadequação - dançam diante de seus olhos através da tela ou da página vazias. O medo de escrever mal, de revelar algo que gostaríamos de manter oculto, de cair no conceito dos outros, de violar nossos próprios padrões elevados, ou de descobrir algo sobre nós mesmos que preferiríamos ignorar são apenas alguns dos fantasmas amedrontadores o suficiente para levar o escritor a se perguntar se não haveria emprego disponível como lavador de janelas de arranha-céus.
Quanto mais lemos, mais rapidamente somos capazes de executar o truque mágico de ver como as letras foram combinadas em palavras dotadas de sentido. Quanto mais lemos, mais compreendemos, mais aptos nos tornamos a descobrir novas maneiras de ler, cada uma ajustada à razão que nos levou a ler um livro particular.
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