Compilação de um curso ministrado pelo autor peruano, "A tentação do impossível" traz uma interpretação bastante sensata da obra magistral de Victor Hugo. Apesar de ser, claramente, um grande fã das aventuras de Valjean e Javert, Llosa não deixa de registrar o que considera inverossimilhanças ou exageros no romance - bem como explica por que até eles podem ter sido empregados intencionalmente.
Llosa analisa bastante a potência da voz do narrador na história - onipotente, onisciente, argumentativa, irrevogável. O poder de um deus sobre seus personagens cai como uma luva em um livro bastante católico, cujo prefácio, por exemplo (nunca terminado) tinha a intenção de provar a existência do divino.
Marius é identificado como um personagem medíocre na história, assim como Cosette representa a futilidade - posições com as quais me identifiquei - em um contexto em que os personagens são quase todos sobre humanos, seja na miséria, seja na bondade. Os traços teatrais da obra também são ressaltados por Llosa, como a constante troca de nomes dos protagonistas no decorrer do enredo.
Se, por um lado, o romance não é analisado frequentemente sob o ponto de vista do teatro, por outro é constantemente tomado como prova da história. Llosa desmente também essa ideia, mostrando como o romance constrói um mundo próprio, para o qual as regras do nosso cotidiano não se aplicam. E é nisso que reside a força do livro - seu universo particular, tão melhor que o nosso, que nos faz querer habitar esse mundo de ficção impossível.
Llosa analisa bastante a potência da voz do narrador na história - onipotente, onisciente, argumentativa, irrevogável. O poder de um deus sobre seus personagens cai como uma luva em um livro bastante católico, cujo prefácio, por exemplo (nunca terminado) tinha a intenção de provar a existência do divino.
Marius é identificado como um personagem medíocre na história, assim como Cosette representa a futilidade - posições com as quais me identifiquei - em um contexto em que os personagens são quase todos sobre humanos, seja na miséria, seja na bondade. Os traços teatrais da obra também são ressaltados por Llosa, como a constante troca de nomes dos protagonistas no decorrer do enredo.
Se, por um lado, o romance não é analisado frequentemente sob o ponto de vista do teatro, por outro é constantemente tomado como prova da história. Llosa desmente também essa ideia, mostrando como o romance constrói um mundo próprio, para o qual as regras do nosso cotidiano não se aplicam. E é nisso que reside a força do livro - seu universo particular, tão melhor que o nosso, que nos faz querer habitar esse mundo de ficção impossível.
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