Depois de devorar "Sobre rinhas de cachorros e porcos abatidos", saí procurando na sequência outros livros da autora, que estão, felizmente, em sua maioria disponíveis para assinantes do Kindle Unlimited. Na minha tentativa recente de ler mais escritoras, inclusive, tenho percebido este fato: é relativamente fácil encontrar literatura feminina a baixos preços - em um mercado machista, os livros não vendem tanto com a assinatura de uma mulher.
No entanto, ledo engano de quem pensa que esta obra corresponde ao estereótipo da escrita íntima e confessional feminina. Ana Paula Maia compõe sua narrativa de modo seco, cruel e neo-naturalista. Como o próprio Edgar Wilson, protagonista, conclui, ninguém fica ileso. Não há maniqueísmo possível em uma terra em que todos são responsáveis, em maior ou menor grau, pelo derramamento de sangue alheio.
Ver os personagens das duas novelas de "Sobre rinhas [...]" encontrando-se de passagem nesta curta novela foi uma experiência de leitura interessante. Apesar de ser, de certa forma, um spin off que conta a vida anterior de Edgar Wilson, o texto tem concisão o suficiente para ser compreendido por quem não tenha lido mais nada de Maia.
Sem ter doses de crueldade tão intensas como no livro anterior, ainda assim é uma narrativa para estômagos fortes - literalmente. Por tratar do mercado da carne, descrevendo todo o processo de abatimento do boi, é uma trama que também ridiculariza a hipocrisia de quem come um hambúrguer sem querer saber de onde vem sua matéria-prima.
No entanto, ledo engano de quem pensa que esta obra corresponde ao estereótipo da escrita íntima e confessional feminina. Ana Paula Maia compõe sua narrativa de modo seco, cruel e neo-naturalista. Como o próprio Edgar Wilson, protagonista, conclui, ninguém fica ileso. Não há maniqueísmo possível em uma terra em que todos são responsáveis, em maior ou menor grau, pelo derramamento de sangue alheio.
Ver os personagens das duas novelas de "Sobre rinhas [...]" encontrando-se de passagem nesta curta novela foi uma experiência de leitura interessante. Apesar de ser, de certa forma, um spin off que conta a vida anterior de Edgar Wilson, o texto tem concisão o suficiente para ser compreendido por quem não tenha lido mais nada de Maia.
Sem ter doses de crueldade tão intensas como no livro anterior, ainda assim é uma narrativa para estômagos fortes - literalmente. Por tratar do mercado da carne, descrevendo todo o processo de abatimento do boi, é uma trama que também ridiculariza a hipocrisia de quem come um hambúrguer sem querer saber de onde vem sua matéria-prima.
Comentários
Postar um comentário