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Mostrando postagens de maio, 2016

Ninguém é perfeito (Jaguar)

O fato de ter um prefácio da Mafalda (um dos últimos desenhos de Quino) foi o grande chamativo desta obra para mim. Apesar de uma parte dos cartuns ser muito interessante, o traço de Jaguar não me chamou muito a atenção. Achei seu desenho muito "duro", assim como o ranço de alguma crítica machista que fica após a leitura de algumas de suas ilustrações.  O prefácio, em que Jaguar conta quem é, como se tornou cartunista e o processo de publicação desse livro é, talvez, a parte mais interessante da obra. Vale a pena, nem que seja pela curiosidade histórica (lembrando que são quadrinhos da época da ditadura).

Contos da Mamãe Gansa (Charles Perrault)

Ao fechar as portas, ano passado, a Cosac&Naify encerrou um catálogo feito para apreciadores de livros; difícil vai ser encontrar uma editora tão feliz na escolha das publicações e tão atenta a detalhes que fazem toda a diferença no mundo dos bibliófilos. Dentre as pérolas publicadas recentemente, estavam os contos de 3 grandes recopiladores de histórias populares: Esopo, os Grimm e Perrault. Apesar de ser a edição menos volumosa de fábulas, os Contos da Mamãe Gansa foram editados com tanto capricho que é difícil não se deixar conquistar pela estética da obra. As páginas são diagramadas em papéis diferentes, por ilustradores diversos, criando um universo único para cada uma das narrativas que a compõem. Deixando de lado a forma, a surpresa continua diante do conteúdo. Para quem não conhece as versões originais dos contos de fada, talvez a surpresa seja grande. Em vez de um mundo mágico de bondade, em que tudo se resolve com um final feliz, as fábulas estão permeadas d...

Vincere (filme de 2009)

Apesar da banalização do termo "fascista" - usado hoje para caracterizar inclusive defensores de direitos humanos, por exemplo - o fato é que pouco sabemos sobre esse movimento ideológico/militar/social. Enquanto tanto se fala e se produz culturalmente sobre o nazismo, Mussolini permanece como uma figura um tanto desconhecida, que vagamente associamos a alguns pontos da ideologia hitleriana. O filme "Vincere" traz não só um pouco da história da trajetória política de Mussolini, como dá destaque a um dos fatos mais chocantes de sua biografia, resgatado recentemente. Apesar de ter, em princípio, uma "família do cidadão de bem", tudo indica que o chefe de estado foi casado anteriormente com Ida Dalser, com quem teve um filho. Para esconder esse relacionamento, Mussolini internou Ida em um manicômio por toda a vida, assim como negligenciou a educação de seu filho a uma instituição religiosa. Mais tarde, o primogênito teria o mesmo destino da mãe - o h...

O cortiço (filme de 1978)

Das leituras obrigatórias da escola e que repetidamente são exigidas em vestibulares, "O cortiço" é uma das minhas favoritas - ainda que acredite que nenhum adolescente de 16 anos devesse ser condicionado a ler uma obra que é densa e permeada de um sarcasmo bastante maduro. Afinal, poucos serão os jovens com perspicácia para entender e mesmo gostar , nessa faixa etária,  de um livro que é tão diferente na sua estética - cruel, mordaz e situado em um contexto de mais de 100 anos atrás. O filme, que é tomado ao pé da letra como adaptação fiel por vestibulandos ansiosos, tem, entretanto, um outro modo de contar a história. Na produção cinematográfica, tudo tem um tom mais ameno do que no roteiro original de Aluísio de Azevedo. Ainda que não se trate de uma narrativa dócil, ela não chega a ser tão cruel nas telas como o é no papel. A rmando Bogus como João Romão talvez seja o ponto alto da produção - o ator incorpora bem o personagem e lhe atribui traços e trejeitos bast...

Pinte-me da cor do açafrão (filme de 2006)

Minha fase de assistir a todos os filmes (que conseguia encontrar por aqui no Brasil, claro) do astro bollywoodiano Aamir Khan foi há uns cinco anos. Aventurei-me também por outras produções indianas na época, mas nenhuma delas me marcou tanto quanto os longas em que o ator, muito reconhecido no país, participa. Talvez por seu prestígio, Aamir tem a chance de opinar na escolha de seus personagens: sempre carismáticos e cativantes, ainda que se trate de assassinos, vingadores, mafiosos e similares. Em "Pinte-me da cor do açafrão" (Rang de Basanti) não é diferente: seu adorável protagonista toma atitudes moralmente condenáveis (por alguns, ao menos). O filme é bastante exagerado nos cenários, nas atuações, nas danças típicas e até em efeitos especiais forçados. No entanto, a reviravolta da narrativa culmina em uma história tão boa e tão provocante que é difícil passar indiferente a esta obra. São vários os problemas na estrutura do longa; contudo, o principal, que é co...