Das leituras obrigatórias da escola e que repetidamente são exigidas em vestibulares, "O cortiço" é uma das minhas favoritas - ainda que acredite que nenhum adolescente de 16 anos devesse ser condicionado a ler uma obra que é densa e permeada de um sarcasmo bastante maduro. Afinal, poucos serão os jovens com perspicácia para entender e mesmo gostar, nessa faixa etária, de um livro que é tão diferente na sua estética - cruel, mordaz e situado em um contexto de mais de 100 anos atrás.
O filme, que é tomado ao pé da letra como adaptação fiel por vestibulandos ansiosos, tem, entretanto, um outro modo de contar a história. Na produção cinematográfica, tudo tem um tom mais ameno do que no roteiro original de Aluísio de Azevedo. Ainda que não se trate de uma narrativa dócil, ela não chega a ser tão cruel nas telas como o é no papel.
Armando Bogus como João Romão talvez seja o ponto alto da produção - o ator incorpora bem o personagem e lhe atribui traços e trejeitos bastante interessantes. Contudo, de modo geral, o longa faz escolhas ideológicas bastante questionáveis. A personagem Rita Baiana, que representa uma das protagonistas negras de maior voz na literatura daquela época, é interpretada por uma pálida Betty Goulart. No final da obra (spoiler), os personagens todos do cortiço aparecem comemorando a chegada da República como solução de seus problemas - uma cena que, ainda bem, não existe no livro, tal é a sua superficialidade. Não chega a ser um filme totalmente dispensável, mas a lógica de "o livro é melhor" funciona bem aqui.
O filme, que é tomado ao pé da letra como adaptação fiel por vestibulandos ansiosos, tem, entretanto, um outro modo de contar a história. Na produção cinematográfica, tudo tem um tom mais ameno do que no roteiro original de Aluísio de Azevedo. Ainda que não se trate de uma narrativa dócil, ela não chega a ser tão cruel nas telas como o é no papel.
Armando Bogus como João Romão talvez seja o ponto alto da produção - o ator incorpora bem o personagem e lhe atribui traços e trejeitos bastante interessantes. Contudo, de modo geral, o longa faz escolhas ideológicas bastante questionáveis. A personagem Rita Baiana, que representa uma das protagonistas negras de maior voz na literatura daquela época, é interpretada por uma pálida Betty Goulart. No final da obra (spoiler), os personagens todos do cortiço aparecem comemorando a chegada da República como solução de seus problemas - uma cena que, ainda bem, não existe no livro, tal é a sua superficialidade. Não chega a ser um filme totalmente dispensável, mas a lógica de "o livro é melhor" funciona bem aqui.
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