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Waterloo (filme de 1970)

A decisão de assistir a este filme veio de um desejo de compreender melhor o contexto do livro Guerra e Paz. Ainda que retrate um período posterior ao do livro, e com enfoque exclusivo sobre o personagem de Napoleão, não deixa de ser um complemento interessante à leitura.

A obra cinematográfica parece funcionar bem como fonte de pesquisa, suporte, contextualização histórica. Para o ano em que foi produzida (1970), as cenas de guerra são bastante reais e o número absurdo de figurantes gera um filme quase epopeico.



No entanto, ainda que possa a vir ser um bom amigo dos professores de história (cenas podem ser exibidas em sala de aula para ilustrar a vida de Napoleão) ou um meio de satisfazer a curiosidade de quem estuda a época, não é um grande filme.

Por ter um número imenso de personagens, são poucas as falas de cada um - que, por sua vez, soam falsas e superficiais. Somos apresentados tão rapidamente a cada um dos figurantes que não nos comovemos pelo seu destino ao longo da trama. Os roteiristas parecem ter tentado dar profundidade ao enredo com uma ou duas frases de efeito, mas o resultado é pífio. Não dá para negar que é uma obra grandiosa na produção, mas está longe de ser marcante no conteúdo.


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