Na tentativa de ampliar minhas leituras para além do cânone - ou seja, literatura feita por homens brancos ocidentais - me propus a tentar descobrir autoras de outros países. Para representar o Japão, escolhi um livro de Sei Shônagon, que é uma das escritoras fundantes da literatura de sua nação.
O livro do travesseiro foi escrito no século XI e sua autora, uma dama da corte imperial, retrata em textos curtos (por vezes, de uma só linha) suas impressões sobre as relações da sociedade, as belezas da natureza, a perenidade da vida. Apesar de não ser meu primeiro contato com a literatura japonesa, confesso que foi uma obra diferente de tudo o que conhecia até então: absolutamente contemplativa, descritiva, a escrita de Shônagon vai em caminho radicalmente oposto à atual imediatez ocidental.
Por suas muitas referências a clássicos da literatura da época ou a personalidades de seu tempo, é um livro com características muito específicas de linguagem, que demandaram cerca de 11 anos de trabalho de tradução para o português. A edição da 34 é bastante caprichada, com muitas notas de rodapé e uma interessante contextualização da obra.
Apesar de ser um dos primeiros clássicos escritos em japonês, tentar ver Sei Shônagon como uma mulher à frente de seu tempo, com anseios feministas, é forçar a ideologia de nossa época para tentar compreender o que se passou dez séculos atrás. Há muitos comentários que têm sim um caráter universal e resistiram aos séculos - a contemplação da natureza e da efemeridade, por exemplo. No entanto, grande parte da obra só é compreensível dentro do contexto em que foi produzida. Episódios que podem parecer fúteis ou pretensiosos são, em verdade, um documento histórico sobre comportamentos e valores que vigoravam há muito tempo do outro lado do mundo.
O livro do travesseiro foi escrito no século XI e sua autora, uma dama da corte imperial, retrata em textos curtos (por vezes, de uma só linha) suas impressões sobre as relações da sociedade, as belezas da natureza, a perenidade da vida. Apesar de não ser meu primeiro contato com a literatura japonesa, confesso que foi uma obra diferente de tudo o que conhecia até então: absolutamente contemplativa, descritiva, a escrita de Shônagon vai em caminho radicalmente oposto à atual imediatez ocidental.
Por suas muitas referências a clássicos da literatura da época ou a personalidades de seu tempo, é um livro com características muito específicas de linguagem, que demandaram cerca de 11 anos de trabalho de tradução para o português. A edição da 34 é bastante caprichada, com muitas notas de rodapé e uma interessante contextualização da obra.
Apesar de ser um dos primeiros clássicos escritos em japonês, tentar ver Sei Shônagon como uma mulher à frente de seu tempo, com anseios feministas, é forçar a ideologia de nossa época para tentar compreender o que se passou dez séculos atrás. Há muitos comentários que têm sim um caráter universal e resistiram aos séculos - a contemplação da natureza e da efemeridade, por exemplo. No entanto, grande parte da obra só é compreensível dentro do contexto em que foi produzida. Episódios que podem parecer fúteis ou pretensiosos são, em verdade, um documento histórico sobre comportamentos e valores que vigoravam há muito tempo do outro lado do mundo.
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