Consumimos muito do que vem da Índia - o yoga, a meditação, as roupas, os incensos, os temperos e até mesmo o festival das cores -, mas raramente admitimos essa irmandade. Ainda que separada por oceanos imensos, línguas múltiplas e mais de 330 milhões de deuses, esta nação oriental é marcada por muitos dos elementos que definem também nossa brasilidade. O (sub)desenvolvimento que nos aproxima no BRICS, a dança como expressão da cultura, os excessos (de gente, de crenças, de vivências), a corrupção, a desigualdade... são muitas as pontes que nos levam a essa cultura, tão diversa em sua unidade.
Ao falar de pontes, coincidentemente me lembro do contexto de leitura de Aguapés, que iniciei logo após finalizar Dois irmãos, de Milton Hatoum. Centradas na mesma temática - as brigas e desencontros entre dois irmãos muito parecidos fisicamente - as obras assemelham-se apesar de todas as fronteiras que existem ao meio. Assim como Hatoum, Jhumpa também se utiliza das história de seus protagonistas para nos apresentar um pouco da situação de conflitos na Índia e os costumes peculiares de algumas regiões do país.
Com uma linguagem bastante direta, a autora não tergiversa ao contar seu enredo; os fatos são bem concatenados por meio de uma linguagem polida, eficiente, um tanto dura. Não há a preocupação em criar metáforas em excesso ou sutilezas. O foco, pelo contrário, é mostrar as relações entre os personagens com todas as suas (muitas) falhas.
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