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PK (filme de 2014)

Em meio a um deserto, luzes surgem no céu. Um disco voador saído dos episódios do Chapolim ocupa o fundo da cena e, de dentro dele, aparece o protagonista, nu, com um colar que parece de brinquedo no pescoço. Os primeiros cinco minutos de PK são para desanimar qualquer leigo em cinema de Bollywood a prosseguir na experiência (ou, ao menos, a tentar assistir ao filme esperando por algum conteúdo de qualidade). No entanto, a graça do cinema indiano está justamente aí - tirar uma deliciosa filosofia das imagens mais banais, clichês, exageradas.  

O mote patético de PK - um alienígena que desce à Terra e se espanta com nossa pluralidade religiosa - é, talvez, uma das poucas abordagens possíveis para debater um dos temas tabus: a fé. Com uma inocência arquetípica, o personagem principal faz o que tantos seguidores de crenças já deixaram de fazer há muito: ele questiona. Indaga. E, assim, provoca e cria uma legião de inimigos - dentro e fora das telas.

O longa causou um grande rebuliço em seu país de origem, de raízes religiosas quase tão vastas quanto ampla é a sua população - e, ainda assim, foi campeão de bilheteria em uma das nações que mais faz e consome cinema no mundo.

Um pouco mais compacto do que os filmes mais antigos de Bollywood - que chegavam, facilmente, a quatro horas de duração -, o longa consegue manter um enredo com as características próprias do jeito indiano de fazer cinema. Se é certo que a cada dia a Índia mais está imersa nas águas globais do capitalismo, que seu modo de criar filmes continue sendo esse refrescante e ancestral mergulho no Ganges - com direito a muita sujeira, falhas, mas, ainda assim, uma experiência singular e enriquecedora.




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