Uma família se faz de sangue e palavras - e é este último aspecto que norteia o excelente livro de memórias da italiana Natalia Ginzburg. Com um olhar acurado sobre o passado, ela vai retomando as histórias do seu núcleo ao mesmo tempo que resgata os jargões criados nesse ambiente. E o que é fenomenal nessa ideia é o quanto ela tem de universal; afinal, quantos de nós não reconhecemos parentes próximos e distantes por expressões familiares, ditos espirituosos, histórias quase míticas?
Além do recorte belíssimo sobre a sua árvore genealógica particular, outro mérito da autora é a a linguagem. Ainda que não se trate de uma escrita seca, a prosa de Natalia é muito objetiva, aparentemente desprovida de metáforas ou de reflexões profundas. No entanto, esta aparente superfície de racionalidade e distanciamento ergue-se sobre um terreno cheio de camadas, plurissignificativo. Afinal, este é um livro sobre raízes.
Pequenas descrições, sutis, conseguem criar um retrato amplo e complexo das personagens descritas por ela. É um jogo entre o claro e o escuro, o que se diz e o que se subentende. Entretanto, mesmo que os julgamentos e percepções da narradora estejam envoltos por uma linguagem direta, ainda assim preserva-se a intensidade do dizer.
Sem recorrer quase a metáforas, jogos de palavras, a escritora consegue construir muito com pouco; suas cenas são pungentes, tocantes, mesmo com uma quantidade mínima de elementos e descrições. Minha impressão deste contato inicial com a prosa de Ginzburg é que ela é a personificação da frase de Clarice... e que ninguém se engane, portanto. Tanta simplicidade é fruto de muito trabalho.
Além do recorte belíssimo sobre a sua árvore genealógica particular, outro mérito da autora é a a linguagem. Ainda que não se trate de uma escrita seca, a prosa de Natalia é muito objetiva, aparentemente desprovida de metáforas ou de reflexões profundas. No entanto, esta aparente superfície de racionalidade e distanciamento ergue-se sobre um terreno cheio de camadas, plurissignificativo. Afinal, este é um livro sobre raízes.
Pequenas descrições, sutis, conseguem criar um retrato amplo e complexo das personagens descritas por ela. É um jogo entre o claro e o escuro, o que se diz e o que se subentende. Entretanto, mesmo que os julgamentos e percepções da narradora estejam envoltos por uma linguagem direta, ainda assim preserva-se a intensidade do dizer.
Sem recorrer quase a metáforas, jogos de palavras, a escritora consegue construir muito com pouco; suas cenas são pungentes, tocantes, mesmo com uma quantidade mínima de elementos e descrições. Minha impressão deste contato inicial com a prosa de Ginzburg é que ela é a personificação da frase de Clarice... e que ninguém se engane, portanto. Tanta simplicidade é fruto de muito trabalho.
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