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Expurgo - Sofi Oksanen

"Expurgo" é um livro que dificilmente entraria na minha lista habitual de leituras - e, se passou a fazer parte dela, foi em função do meu projeto "Escritoras do Mundo". Para dar voz a uma escritora finlandesa, apostei na obra (incentivada também por estimulantes blurbs e um projeto gráfico com capa intrigante). 

Inicialmente, meu contato com a narrativa foi desestimulante. O início de "Expurgo" é lento, com citações pouco compreensíveis e muitas descrições, por vezes de viés escatológico. Se insisti na obra, foi em função do meu projeto - que, mais uma vez, mostrou ser uma ótima fonte para a descoberta de vozes literárias desconhecidas.

A aparência de estranhamento da narrativa de Oksanen vai sendo mais compreensível ao longo da obra. É preciso um pouco de paciência para enfrentar as descrições iniciais, que vão levando, aos poucos, o leitor à frente de um quebra-cabeça magistral. A simulada desconexão entre partes da obra e o estilo de narrar são peças importantes na resolução dos mistérios que compõem o fluxo da narrativa.

Ademais do aspecto de thriller literário, extremamente bem-feito, o livro é uma excelente porta de entrada para entender um pouco mais da história dos países nórdicos, principalmente os que compuseram a URSS (como a Estônia). 

Diferente de tudo o que já havia lido, o romance se centra na relação de amor e ódio de duas irmãs durante o regime comunista, com um recorte histórico que se estende até o tempo atual. O estilo da autora, voltado para um escatológico quase minimalista (na sua fixação por moscas e pequenos insetos) dá o tom de uma trama incômoda, que veio para provocar. 


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