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Vida e proezas de Aléxis Zorbás (N. Kazantzákis) + filme de 1964

A poética de Nikos Kazantzákis traz um apreço pelo momento bastante semelhante ao que encontramos em poetas neoclássicos ou na dupla de heterônimos portugueses Ricardo Reis/Alberto Caeiro. O prazer de vivenciar, com o olhar de quem vê o mundo pela primeira vez, é o que nos conduz por uma narrativa envolvente.

Escrito no início do século passado, é inegável a misoginia presente na obra. Contudo, trata-se de um livro tão bem escrito que nem sequer as cenas de deploração feminina (ou mesmo feminicídio) conseguem nos fazer desprezar a escrita do grego. É como se, abstendo-se de propor julgamentos, o autor fizesse um convite a nos juntarmos à ciranda da vida em sua roda inexorável. Não há meios de sair em meio à dança; assim, observamos e acompanhamos o ritmo.




O filme dos anos 1960, ainda que apresente algumas mudanças contextuais (introduz o narrador como um estrangeiro, ao contrário do romance), é bastante fiel  ao original. E, mesmo sem trazer a reprodução de todos os belos diálogos e descrições que compõem o enredo, ainda assim consegue transmitir ao espectador o conceito de contemplação que lhe é próprio. 



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