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O profeta (livro de Khalil Gibran e filme de 2014)

O modo extremamente poético do narrar em árabe pode ser mal interpretado por leitores ocidentais. É o caso de Khalil Gibran, que, vislumbrado superficialmente, pode parecer simples autoajuda - quando se trata, na verdade, de uma escrita multifacetada e carregada de significados.

Minha sorte foi ter feito o caminho inverso - primeiro vi o filme, depois li o livro. A animação é tão belamente construída que nos predispõe imediatamente à imersão na obra de Gibran. Ainda que haja uma riqueza de traços e cores inegável, seu grande valor está justamente nas palavras do poeta.

A história original da trama abrange um conjunto de ensinamentos de um homem prestes a partir da terra que lhe acolheu por 12 anos. Por mais que nem sempre entremos em concordância com o personagem/autor, sua filosofia de vida é ampla e abrangente. Assim, mesmo o que possa soar como um regramento ou código de conduta mostra-se aberto a possibilidades distintas de interpretação. Os ensinamentos do protagonista constituem apenas 1 dentre muitas verdades possíveis, como ele mesmo nos lembra.

Absolutamente recomendáveis, filme e livro formam uma dupla potente. A animação ainda tem a vantagem de construir um fundo político e social bastante intenso para a história, o que só reforça a sua carga poética.


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