Javier Cercas é um autor espanhol cujo sucesso começou de forma estrondosa e inesperada, com a publicação de "Soldados de Salamina" - e, como quase todo escritor muito lido, não é bem aceito pela academia. Podemos ver um exemplo desta recepção na resenha sobre "A velocidade da luz", publicada pela Folha de S.Paulo, que foi intitulada como "Espanhol segue fórmula do 'livro comum'".
De fato, para quem busca inovações na linguagem e na estrutura do romance, Cercas não é a opção certa. No entanto, o fato de seguir escrevendo de acordo com a fórmula já batida de romance (e de obter tanto sucesso) nos faz pensar até que ponto, de fato, o gênero não corresponde aos anseios e expectativas do leitor deste século.
"A velocidade da luz" segue a linha da autoficção - esta espécie de Big Brother literário, em que os limites da realidade e da ficção (ou das fake news) são difusos, ambíguos. O meu maior problema, durante a leitura, foi a aversão que o protagonista (alter ego de Javier) me despertou. Machista, homofóbico, desprovido de ética, o narrador do texto é difícil de aturar.
No último terço do romance, em que alguns paralelismos se tornam mais explícitos para o leitor, a obra se torna mais palatável. Ainda que a escrita de Javier Cercas seja fácil, com uma ou outra reflexão interessante sobre literatura, é só nas páginas finais que seu personagem-narrador deixa de ser odioso - e se revela apenas um humano bastante falho.
De fato, para quem busca inovações na linguagem e na estrutura do romance, Cercas não é a opção certa. No entanto, o fato de seguir escrevendo de acordo com a fórmula já batida de romance (e de obter tanto sucesso) nos faz pensar até que ponto, de fato, o gênero não corresponde aos anseios e expectativas do leitor deste século.
"A velocidade da luz" segue a linha da autoficção - esta espécie de Big Brother literário, em que os limites da realidade e da ficção (ou das fake news) são difusos, ambíguos. O meu maior problema, durante a leitura, foi a aversão que o protagonista (alter ego de Javier) me despertou. Machista, homofóbico, desprovido de ética, o narrador do texto é difícil de aturar.
No último terço do romance, em que alguns paralelismos se tornam mais explícitos para o leitor, a obra se torna mais palatável. Ainda que a escrita de Javier Cercas seja fácil, com uma ou outra reflexão interessante sobre literatura, é só nas páginas finais que seu personagem-narrador deixa de ser odioso - e se revela apenas um humano bastante falho.
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