Este filme centra-se, desde o princípio, no vilão da história. Assim, é uma obra permeada de violência em distintos níveis e com graus variados de requintes sádicos. Contudo, dada a premissa, vale ressaltar que o longa oferece um olhar bastante interessante sobre o cenário que aborda, sem relativizar a maldade dos responsáveis por manipular algoritmos e dados virtuais.
Ainda que o protagonista se revele mau-caráter desde o princípio, o fato de ser interpretado por um ator jovem pode ser lido como uma alegoria da nova geração que se constrói. Se já sabemos que somos controlados o tempo todo pelas redes (e o aceitamos), como as próximas gerações lidarão com essa banalidade do mal? Até que ponto nosso pacto de convivência será flexibilizado em nome do poder das redes?
Além dos questionamentos que provoca, o filme também vale pela excelente atuação do ator principal. Em uma das cenas, a câmera foca seu rosto e oferta-o para a interpretação do espectador; me lembrou outros filmes que utilizaram muito bem esse recurso, como "Memórias de um assassino" e "Oldboy". Tal como nessas obras, a cena é enigmática e inteiramente apoiada na expressão de seu ator - que sabe interpretar tão bem esse personagem dúbio, ainda que inegavelmente mau.
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