Primeiro filme tunisino a que assisti, A amante me chamou a atenção pelo contraste de cultura; mesmo assim, há muitos pontos de encontro entre o meu contexto e a Tunísia moderna. Ainda que tantas diferenças e incompreensões sejam originadas de religião e sistema político, não somos tão diferentes assim. E, justamente por isso, talvez tenhamos nos inspirado tanto na Primavera Árabe, que é um dos panos de fundo da trama.
Há uma leitura política para a história de amor em curso, o que enriquece a narrativa. Contudo, não creio que a potencialidade da obra tenha ido além de uma alegoria mais simples, sem explorar as sutilezas da metáfora.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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