Transcrição das aulas de Cortázar na Universidade de Berkeley nos anos 1980, o livro traz bastante do autor comentando a própria obra, explicando seu processo criativo e os fundamentos que norteiam sua literatura. No entanto, longe de ser um curso autocentrado, as palestras de Cortázar usam seus próprios escritos como exemplos de características mais amplas da produção literária (especialmente a latino-americana).
Assim, o livro transita por diferentes temas, como a definição (sempre inconclusa) de realismo e fantástico, o tempo e a fatalidade na trama, a musicalidade, o lúdico, o erótico e o humor na escrita. Por ser um escritor bastante engajado contra a ditadura e entusiasta do governo de Fidel, hoje já não é possível ler as aulas de Cortázar sem passá-las pelo filtro temporal que nos distancia da década de 1980. Ainda assim, no que se refere às técnicas e problematização da composição literária, continua uma obra muito atual.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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