Rupi Kaur é muito criticada pela academia — e, por vezes, pelos resenhistas do BookTube (que, por sua vez, também são repelidos pelos especialistas enclausurados no próprio ego). De certa forma, eles têm razão: há algo de coloquialidade na poesia de Kaur que vai pouco além de frases estampadas em camisetas, posts prontos, verdades de porta de banheiro.
Talvez incomode o fato de que, de certo ponto de vista, a poesia de Kaur corresponde ao que se espera dela. Assim, acaba sendo um texto útil, contra toda a ideia de que a literatura não deve ter um fim prático. Mesmo assim, a obra da canadense instagramável não se reduz a isso.
Aborto, estupro, menstruação. Se, por um lado, a escrita da jovem canadense/indiana agrada por ser de fácil entendimento, por outro lado traz para a poesia temas que são frequentemente banidos da literatura. Qual foi o último grande poema da alta literatura que você leu sobre menstruação? Caso não venha nenhum à mente, talvez seja o caso de refrear as críticas aos expoentes jovens da literatura. Se a porta de banheiro não pode ser poetizada... tampouco o deveria ser a torre de marfim.
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