É a capa mais feia da minha estante, sem dúvida - e fica como um lembrete de que quem vê cara não vê coração. Depois de uma oficina ruim de minicontos, quis resgatar a leitura desse livro menos conhecido de Marina Colasanti, autora tão renomada da literatura infantojuvenil.
Nem todos os textos da coletânea são minicontos, ainda que ocupem no máximo duas páginas. E, de qualquer forma, usar o tamanho para definir o gênero nunca dá em consenso (veja-se a fronteira sempre remarcada da diferença entre conto e novela).
O fato é que tamanho não é documento. Se me lembrava desse pequeno conjunto como exemplo máximo de minicontos é porque, mais de uma década depois de minha primeira leitura, o impacto se mantém. Por vezes me remetendo a Black Mirror, por vezes aos labirintos borgianos, os contos de amor rasgam temas que bamboleiam entre a ficção científica e o surrealismo, o romantismo e o sádico, os mitos gregos e os contos de fadas. Para coroar, há a perspectiva feminista e combatente de uma autora politicamente engajada, relendo o amor com a faca entre os dentes.
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