Longa de estreia de Nathalie Álvarez Mesén, diretora costa-riquenha, “Clara Sola” reverbera alguns aspectos do filme guatemalteco “Ixcanul” (lançado sete anos antes). Não é difícil imaginar por que esses países, com pequenos territórios e uma extensa história em comum, tenham tanto para compartilhar. São as narrativas de povos silenciados por séculos – e ainda pouco ouvidas.
Em ambas as produções, a protagonista tem uma relação fortíssima com a natureza, a ponto de se envolver fisicamente com os elementos da floresta. São duas mulheres reclusas em comunidades afastadas, nas quais vigora a tradição familiar e a religião do colonizador. No entanto, apesar das aproximações possíveis, são narrativas com uma trama própria a deslindar. Em “Clara Sola”, o que domina é ambivalência entre normalidade e loucura, profano e sacro, catolicismo e Pachamama, castidade e depravação. Saímos do filme sem ter respostas que desamarrem as ambiguidades; assim, navegamos entre os duplos de uma personagem que carrega a solidão como nome.
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