Inquietos consegue ser um título-sinopse perfeito para esta recente obra do diretor Gus Van Sant. Novamente ele tematiza a juventude pelo seu viés trágico (só para lembrar: o diretor produziu Elefante, filme sobre o massacre da escola Columbine). Entretanto, aqui a dor dos adolescentes é outra, mais profunda: enquanto o protagonista Enoch tenta superar a perda dos pais, a personagem Annabel é obrigada a encarar a sua própria morte de perto, ao descobrir que o câncer que tem é fatal.
Depois de um encontro casual (que não poderia acontecer em outro lugar que não um velório), os dois jovens passam a compartilhar vivências e experimentam sensações ainda não testadas. Enquanto descobrem avidamente a juventude, sabem que a morte lhes espia de todos os cantos. O fim de Annabel se aproxima à medida que cresce o amor entre os dois protagonistas.
É um filme excelente, para assistir com a caixa de lenços de papel do lado. No entanto, não esperem por um sentimentalismo barato: o diretor tira sarro de qualquer tentativa neste sentido. Não se trata também, em nenhum momento, de uma obra fácil: é preciso desprendimento da lógica cartesiana para entender a narrativa que brinca com o fantástico a todo o momento.
Doce e intenso como a juventude. Imperdível.
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