Cada vez mais contestador, uma das minhas tirinhas favoritas nessas obras é uma em que, ao olhar-se no espelho, Armandinho tem a leve impressão de ter visto a Mafalda. É isso. Assim como a menininha argentina virou ícone dos quadrinhos argentinos, e Calvin foi o contestador dos estadunidenses, finalmente chega às livrarias brasileiras um personagem infantil que nos encanta com suas perguntas e inquietações. Mesmo que o Brasil seja um terreno fértil em HQs (em plantando-se, aqui tudo dá), Armandinho revelou um novo filão no setor: o dos personagens crianças com raciocínio melhor que o de muitos adultos. Imperdível.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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