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Azul é a cor mais quente (Julie Maroh)

Apesar de ainda não ter assistido ao filme, dizem que a graphic novel é muito melhor (e a própria autora afirmou não ter gostado muito da adaptação de sua história para as telonas). No entanto, ainda que isto dê a entender que estamos diante de uma obra de arte quando decidimos ler Azul, não é bem assim.




Os pontos fortes da trama são o seu pioneirismo e a delicadeza com que a descoberta da própria homossexualidade é retratada. A autora mostra todos os conflitos advindos da afirmação desse modo de amar e a rejeição pela sociedade. Graficamente, o modo como a cor azul foi inserida é muito interessante, ainda que o traço da desenhista não me agrade.




O que me incomodou um pouco na história foi o caráter falho das personagens - ainda que isso dê um tom muito realista à trama e fuja dos estereótipos românticos. Há atitudes de ambas as protagonistas que as tornaram muito fracas, criticáveis - como elas se rendem a traições, deslealdades, atos falhos... Tudo somado, dá a entender que elas não se esforçam para manter o relacionamento saudável - o que prejudica a verossimilhança do que é, em princípio, um relato de amor. 




Trecho:

“O amor é abstrato demais, e indiscernível. Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existíssemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes… Então o amor não pode não o ser também. O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima… mas reanima. O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos… Para além da nossa morte, o amor que nós despertamos continua a seguir o seu caminho.”



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