Eu costumo gostar muito de mini e micro contos. Não tenho problemas com flexibilidades gramaticais com intenções literárias. E, por fim, aceito tranquilamente a presença do escatológico nas narrativas. No entanto, apesar de não ter barreiras para gostar do livro de Justum, ele não me cativou como leitora. Talvez tenha sido o horário da leitura, meu humor no dia, uma certa falta de paciência com uma série de histórias ruins que me tenha feito desprezar contos potencialmente bons... Ainda assim, não recomendaria. Um "Contos de amor rasgados", da Marina Colasanti, seria uma pedida muito melhor dentro do gênero.
O personagem de cabelo azul já ganhou apelidos que o aproximam dos famosos Calvin e Mafalda. No entanto, o toque brasileiro é que faz a diferença e aproxima Armandinho de seus leitores. O garotinho, que não gosta muito da escola, mostra que a sabedoria vai muito além dos bancos da sala de aula. Desde questões políticas específicas - do Brasil ou de Santa Catarina - até piadas simples sobre assuntos cotidianos, a força das suas tirinhas reside também na versatilidade. O ponto de vista infantil nos serve de guia nesses quadrinhos, nos quais os adultos aparecem sempre retratados sob o viés da criança. Para comprovar esse fato, basta observar o traço: assim como na clássica animação dos Muppets, apenas as pernas dos personagens mais velhos são desenhadas. Se a semelhança com Mafalda está no aspecto irreverente (e nos cabelos que são marca registrada), com Calvin o parentesco vai além: em muitas das tirinhas, Armandinho aparece com seu bicho de estimação (um sapo que, inclusi...
Eu gostei. Sobretudo porque há muitas vezes um jogo com o leitor que pode não ter entendido o que o autor disse realmente. E por ser tão eclético e pouco interessado em agradar, já que ironiza a sociedade, a religião, a política, as mulheres, os homens... E o próprio leitor. É como se ele não fizesse questão de ser lido, entendido ou gostado. Como se quisesse dialogar com um público bem específico apenas. Bem típico de quem escreve em parábolas. Quer conversar com algumas pessoas apenas.
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