Monteiro Lobato era um dos meus autores preferidos da infância, e, aproveitando a coleção quase completa de suas obras comprada a preço de banana nos sebos da vida, decidi dedicar-me à releitura desses livros infantis. No entanto, ainda que previsse um novo olhar sobre as histórias do Sítio do Pica-pau-amarelo, não imaginava que seria um processo tão doloroso.
Tia Nastácia é humilhada a cada momento (principalmente por Emília), o que torna muito difícil continuar sentindo simpatia pelos personagens infantis de Lobato. Confesso que, nas obras em que Nastácia não aparece, sinto um alívio na leitura - mas é temporário.
As aventuras de Hans Staden talvez tenha sido o livro que mais me impressionou na infância - e não é à toa, já que as descrições de canibalismo são para tirar o sono de qualquer criança. Ao relê-la, senti um certo conforto quando percebi que a ausência de tia Nastácia significaria talvez um controle na língua ferina e maldosa de Lobato - mas foi ledo engano. Se não destila seu ódio contra os negros, o autor não poupa, neste livro, os indígenas brasileiros de estereótipos e construções culturais distorcidas.
Há momentos de uma certa leveza - quando Dona Benta, por exemplo, mostra que comer carne humana é tão perverso quanto ingerir a carne de qualquer animal; quando alguns aspectos da cultura indígena são explicados com naturalidade, dentro do universo de suas próprias mitologias. Sempre contraditório, Lobato é mestre em morder e assoprar - ora exalta, ora abomina o indígena brasileiro. Pena que um ou outro momento de defesa não sejam suficientes para esquecer tantos ataques à nossa cultura nativa.
Tia Nastácia é humilhada a cada momento (principalmente por Emília), o que torna muito difícil continuar sentindo simpatia pelos personagens infantis de Lobato. Confesso que, nas obras em que Nastácia não aparece, sinto um alívio na leitura - mas é temporário.
As aventuras de Hans Staden talvez tenha sido o livro que mais me impressionou na infância - e não é à toa, já que as descrições de canibalismo são para tirar o sono de qualquer criança. Ao relê-la, senti um certo conforto quando percebi que a ausência de tia Nastácia significaria talvez um controle na língua ferina e maldosa de Lobato - mas foi ledo engano. Se não destila seu ódio contra os negros, o autor não poupa, neste livro, os indígenas brasileiros de estereótipos e construções culturais distorcidas.
Há momentos de uma certa leveza - quando Dona Benta, por exemplo, mostra que comer carne humana é tão perverso quanto ingerir a carne de qualquer animal; quando alguns aspectos da cultura indígena são explicados com naturalidade, dentro do universo de suas próprias mitologias. Sempre contraditório, Lobato é mestre em morder e assoprar - ora exalta, ora abomina o indígena brasileiro. Pena que um ou outro momento de defesa não sejam suficientes para esquecer tantos ataques à nossa cultura nativa.
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