A releitura das obras infantis de Monteiro Lobato é um projeto que estou conduzindo aos poucos, não só para não ser tão cansativo, mas também para não ficar com muita raiva do autor. Apesar de o contexto histórico e familiar de Lobato ter de ser considerado na análise de seus livros, é difícil não deixar vir à tona a indignação.
Em algumas obras, é um pouco mais natural entrar nas histórias do sítio, vendo com bons olhos o pioneirismo na literatura infantil brasileira. Em relação a outras, no entanto, a soma de preconceitos de tipos diversos torna a leitura bastante desagradável.
Caçadas de Pedrinho é uma das tramas que se encaixa nesta última categoria. Não só tia Nastácia é constantemente rebaixada na obra, como a naturalização das caçadas (crianças com espingardas e facas matando uma onça) é algo bem pouco aceitável nos tempos atuais. Talvez seja um dos mais cruéis da saga em relação à sua única personagem negra: as crianças não só afirmam que a onça não irá comer carne preta, ou seja, para elas de má qualidade, como abandonam a cozinheira da família a um ataque de feras selvagens. É, no mínimo, um livro bem complicado de se trabalhar enquanto literatura destinada às crianças.
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