A adaptação do clássico de Tolstói para a linguagem cinematográfica conta com inúmeras dificuldades, a principiar pela extensa duração da obra. Como transpor quase 2500 páginas de enredo em um filme? Para o diretor King Vidor, a solução foi prolongar a duração da película para quase quatro horas - e, ainda assim, sem dar conta de todos os elementos da história.
Para uma produção dos anos 50, não deixa de ser impressionante a qualidade técnica das filmagens. Ainda que não sejam muitos os recursos disponíveis para efeitos especiais, as cenas de batalhas são bastante verossímeis e, em um take ou outro, têm caráter épico.
Outro ponto de acerto foi a escalação de Audrey Hepburn para o papel de Natacha Rostova - para quem leu o livro, fica difícil imaginar outra atriz que funcionasse tão bem para esta personagem. A ingenuidade sapeca da protagonista combina muito bem com a figura meiga da famosa atriz de meados do século XX.
Mesmo somados os pontos positivos, contudo, é um filme que só funciona para quem leu a obra. Há muitas lacunas na caracterização de cada personagem e na composição das cenas, que apenas o acesso à obra original consegue preencher. Tomadas essenciais da obra - como o romance entre Natacha e Pierre - são feitas de maneira apressada, superficializante, o que pode deixar o espectador leigo bastante confuso no acompanhamento da trama.
Não deixa de ser um filme válido para quem tem curiosidade de ver Tolstói nas telas - mas não vai além disso.
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