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Guerra e Paz (Liev Tolstói)

Uma das vantagens de se dedicar à leitura de um calhamaço como Guerra e Paz (com suas 2500 páginas) é o tempo de envolvimento com cada um dos enredos e personagens. Ao longo de alguns meses, os protagonistas, mesmo com suas falhas, se tornam quase amigos do leitor, em um processo de interlocução que é mais profundo do que o de um romance convencional.

No caso de uma obra escrita por Liev Tolstói, os muitos temas abordados na narrativa são apresentados de forma magistral. Há uma certa dificuldade inicial na compreensão do enredo, considerando o grande número de personagens e nomes que aparecem na trama. No entanto, superado este obstáculo inicial, não há como não se envolver com narrativas que são tão humanas.




O livro também conta com um posicionamento ideológico bastante forte: é um libelo contra a guerra e, em especial, contra Napoleão. O general francês é constantemente ridicularizado por Tolstói, que não acredita na força de figuras históricas no desenvolvimento dos fatos; para ele, tudo acontece porque tem de ser assim, sem que a história esteja condicionada ao surgimento dos chamados grandes homens.

Meus personagens preferidos são Andrei e Pierre, talvez os protagonistas principais da obra. A relação de ambos com a morte e suas reflexões sobre o sentido da vida são profundas, com um toque antecipado de "A morte de Ivan Ilitch".

Gostaria que o livro tivesse acabado antes do epílogo, contudo. Depois de ter lido a biografia de Tolstói, pude perceber que muitos dos personagens, no final, se tornam alter ego do autor, que não era exatamente uma pessoa agradável. Assim, principalmente o desfecho das mulheres é trágico, e a única que parece ter tido um bom destino é a que não se casou. Contudo, ainda que o final tenha deixado a desejar, é uma das grandes obras da humanidade, sobre temas de grande interesse humano.







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