A capa deste volume de Macanudo é a querida Olga, o que já diz muito sobre a qualidade do livro. Gosto muito dos quadrinhos de Liniers - ainda que alguns sejam subjetivos demais, conseguem me levar a reflexões e a um estágio de pensamento que é quase uma meditação sobre a vida. No entanto, no amplo leque de personagens criados pelo autor, tenho graus diferentes de identificação. A personagem Olga, um bichinho azul que representa a imaginação de uma criança e que só sabe falar uma palavra - Olga -, apesar da sua simplicidade, é um dos caracteres mais cômicos do autor argentino. Henriqueta, seu gato e Madariaga também aparecem com força poética, como sempre.
Vulgarizado após a criação dos reality shows , o livro de George Orwell se tornou um daqueles clássicos que todos comentam e que ninguém leu. Qualquer um quer falar com propriedade do Grande Irmão, da sociedade vigiada, mas todos esses clichês não chegam perto do clima opressor que o autor impõe à sua narrativa. 1984 é uma obra provocativa e premonitória. Ainda que as ditaduras não tenham obtido o poder previsto pelo escritor (pois se travestiram de democracia), os cenários descritos são um retrato mordaz dos nossos tempos modernos. Um exemplo: para entreter a grande massa (os "proles"), o governo do Grande Irmão tem em seu poder máquinas que criam letras de músicas de amor aleatoriamente. Essas canções, desprovidas de essência humana, são entoadas pelo povo e logo se tornam o ritmo do momento. E assim se revela mais um dos inúmeros meios de controlar uma população que não pensa, não critica e não questiona. Quando foi escrito, 1984 era uma obra futurística. Lido h...
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