Histórias de resistência são raras - em um mundo de globalização, compartilhamentos, formação de opinião em massa, qual seria a vantagem de permanecer fora das correntes ideologicamente dominantes? Voltando quase um século no tempo, em um contexto de guerra, com o extermínio de populações inteiras friamente planejado, parece ainda mais inverossímil lutar contra uma força tão suprema.
A história de Irena Sendler é marcada com tamanha coragem que, após o final do filme, tive de procurar informações sobre a sua vida para conseguir, de fato, acreditar nos aspectos retratados. Em alguns momentos, a película não é crível - não por falta de coerência interna, mas porque a ousadia da protagonista é impensável.
Durante a formação do gueto de Varsóvia, Irena, uma assistente social, decide contrabandear as crianças para fora da região delimitada por Hitler. Assim, destinava os pequenos a famílias polonesas dispostas a acolhê-los, falsificando identidades e evitando a morte de nada menos do que 2500 crianças nas câmaras de gás.
Torturada, perseguida, quase fuzilada, a personagem segue todo o tempo a ideia de que é preciso fazer algo decente pelo mundo - salvar quem se afoga, mesmo quando não se sabe nadar. Não é um filme de grandes recursos técnicos, mas saber que há uma história real por trás de seu roteiro é inspirador. Nos minutos finais, aparece a própria Irena, já com cerca de 90 anos, em um discurso breve, porém emocionante, sobre esse período de sua vida.
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