O mote da obra de Edwards é bastante conhecido dos leitores brasileiros: durante o velório de seu melhor amigo, um homem percebe uma suposta infidelidade no olhar desolado da própria esposa para o corpo inerte. Grande admirador de Machado (com, inclusive, um estudo publicado sobre a obra do escritor), Edwards tenta recriar a atmosfera de Dom Casmurro em tempos mais atuais.
Além da óbvia referência do enredo, há a ainda mais ululante intertextualidade do título, que se refere ao polêmico quadro de Courbet. No entanto, as referências não param por aí: cada capítulo é iniciado por uma frase de Sêneca. Em uma obra de pouco mais de 100 páginas, o resultado de tantas intertextualidades não chega a ser coeso. Ademais, quando considerada a obra na qual se inspira, é difícil evitar uma comparação maliciosa entre o estilo magnífico de Machado e o livrinho do chileno.
Os personagens são bastante rasos, assim como a linguagem, que mistura estilos e registros diversos. Em meio a referências a obra do cânone, há frases tão descontextualizadas como "E aí peidei". Em suma, boas referências, mas um livro que não convence.
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