A excelência de Capa enquanto fotógrafo é largamente conhecida - ainda que, de tão divulgadas, suas obras tenham se tornado uma espécie de bem coletivo, ilustrando nosso imaginário com seus retratos precisos e poéticos acerca das cenas e dos significados das guerras.
Ao contrário do homem atrás das câmeras, no entanto, a faceta de escritor de Robert Capa não é tão famosa, o que é uma pena, dada a alta qualidade de seu testemunho histórico aliada a uma veia poética vibrante.
Ligeiramente fora de foco é o relato de como o múltiplo artista, húngaro e sem passaporte válido, conseguiu pular de emprego em emprego, constantemente enganando as autoridades, para poder continuar fotografando a II Guerra. Trata-se de uma obra escrita muito cedo (ainda que a vida de Capa seja realmente muito breve), composta antes de seus 30 anos. Se, por um lado, toda essa juventude aparece na ousadia de seu narrador (que chegou a pular de para-quedas sem nenhum treinamento em meio a um campo de batalha), por outro, a pouca idade não impede o desenvolvimento de um relato muito maduro.
O tema é duro, corrosivo, mas, como bom escritor que é, Capa consegue transformá-lo em uma narrativa altamente envolvente. Talvez, mais do que a guerra, seu tema principal na escrita seja a fugacidade da vida, sempre tão fora de foco.
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