Na literatura grega, os gêneros se dividiam segundo o tipo de pessoa que representavam: enquanto os nobres e poderosos tinham seus dramas expostos na forma de tragédia, o restante da população só se reconhecia nos palcos por meio do riso derivado da comédia. O rico era motivo de comoção; o pobre, do escárnio.
Os novos significados que foram sendo atribuídos ao regate da cultura grega, iniciado no Renascimento, vão aos poucos subvertendo os paradigmas clássicos de composição. Assim, a ideia de um Hércules recém-saído de uma Febém e motoboy na região central de São Paulo nada tem de inverossímil nos tempos que correm.
Recontextualizados, os principais elementos do mito do semideus se apresentam simbolicamente ao longo da produção: o oráculo, a descida aos infernos, a água relacionada à morte, o encontro com um felino arisco, com uma hidra (representada pelo duplo). Enfim, são as lutas de um dia de trabalho de um jovem negro sem perspectivas de ascensão social - enfrentando tarefas muito mais árduas e reais do que as do seu xará grego.
Inicialmente, o filme apresenta uma linguagem um tanto forçada, muito característica do cinema brasileiro que retrata a periferia: atuações mais "duras", excesso de palavrões, exibição voyerística dos meandros da favela e da classe pobre. Lentamente, tanto as interpretações de cada um quanto o filme em si vão se engrandecendo, expandindo-se, assumindo diversas possibilidades diante dos olhos atentos do espectador.
Sem pescar a intertextualidade, talvez pareça apenas mais uma obra de temática gasta. Para quem consegue reconhecer as diversas menções ao mito de Hércules, entretanto, é um filme inovador e, pelo seu mote, clássico.
Os novos significados que foram sendo atribuídos ao regate da cultura grega, iniciado no Renascimento, vão aos poucos subvertendo os paradigmas clássicos de composição. Assim, a ideia de um Hércules recém-saído de uma Febém e motoboy na região central de São Paulo nada tem de inverossímil nos tempos que correm.
Recontextualizados, os principais elementos do mito do semideus se apresentam simbolicamente ao longo da produção: o oráculo, a descida aos infernos, a água relacionada à morte, o encontro com um felino arisco, com uma hidra (representada pelo duplo). Enfim, são as lutas de um dia de trabalho de um jovem negro sem perspectivas de ascensão social - enfrentando tarefas muito mais árduas e reais do que as do seu xará grego.
Inicialmente, o filme apresenta uma linguagem um tanto forçada, muito característica do cinema brasileiro que retrata a periferia: atuações mais "duras", excesso de palavrões, exibição voyerística dos meandros da favela e da classe pobre. Lentamente, tanto as interpretações de cada um quanto o filme em si vão se engrandecendo, expandindo-se, assumindo diversas possibilidades diante dos olhos atentos do espectador.
Sem pescar a intertextualidade, talvez pareça apenas mais uma obra de temática gasta. Para quem consegue reconhecer as diversas menções ao mito de Hércules, entretanto, é um filme inovador e, pelo seu mote, clássico.
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