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Dois irmãos (série de 2017)

Da minha experiência da leitura de "Dois irmãos", saí com a impressão de ter me confrontado com uma obra muito visual, quase tátil - tanto é assim que só através dos quadrinhos (adaptados pelos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá) consegui visualizar e incorporar alguns elementos da narrativa.

Com uma história que é para ser vista, um cenário e contexto "exóticos" (os imigrantes libaneses na Amazônia em meados do século XX) e a direção artística de Luiz Fernando Carvalho (que também trouxe Machado para as telas no excelente "Capitu"), a série teve todo o potencial para dar certo. Até decidirem que os protagonistas seriam interpretados por Cauã Reymond.

Os primeiros quatro episódios, em que os gêmeos são ficcionalizados por caras pouco conhecidas, são excepcionalmente melhores do que os demais. Com a entrada de Cauã e de Eliane Giardini, a adaptação literária vira uma novelinha das nove, com muita gritaria, exageros, atuações fracas e uma leitura bem crua do texto de Hatoum.

Contudo, apesar de a série valer bem mais pelo seu começo, o que faz valer assisti-la inteira é a presença forte de Antônio Fagundes. O ator está quase irreconhecível, e consegue fazer aflorar o papel do velho Halim, de forma delicada e comovente. Os atores pouco conhecidos do grande público, de maneira geral, são os que sustentam o roteiro até o final (com o auxílio de uma excelente fotografia, um cenário incrível e uma trilha sonora justa). Não é nenhuma Capitu, mas não deixa de carregar e multiplicar um pouco da beleza da literatura.

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