Apenas o fato de ir ao guichê do cinema e pedir um ingresso para "o filme da minha vida" já é uma prerrogativa da amorosa metalinguagem deste excelente (se não o melhor) filme brasileiro, dirigido por um maduro e poético Selton Mello.
O trailer, de pouco mais de 2 minutos, já é o suficiente para dar uma amostra da incrível fotografia desta obra. Inspirado em um livro do chileno Antonio Skármeta (também autor da história por trás de "O carteiro e o poeta"), o longa capta captura belos elementos da linguagem literária e os transpõe para a tela, transformando tudo em uma deliciosa narrativa, plena em poesia e lirismo.
Longe dos esterótipos do cinema brasileiro (pouca roupa, muito calor, palavrões contabilizados por minuto, espetacularização da violência), o filme consegue atingir aquela rara camada de universalidade particular - revela uma realidade que é nossa, mas que pode ser lida por muitas culturas.
Talvez esta distância dos clichês nacionais esteja relacionada à própria cultura da obra, que retrata uma região de fronteira entre o sul do Brasil e os países vizinhos, entre o português e o espanhol, entre a vida no campo e na cidade. Além disso, a presença forte de Vincent Cassel como um dos personagens principais amplia as possibilidades do enredo - são diferentes línguas, sotaques, vivências em uma só trama, personagens de culturas múltiplas tentando construir uma só história.
Só a fotografia e a trilha musical seriam o suficiente para fazer deste um grande filme. A direção de Selton é tão magnífica que a impressão que se tem é a de que os intérpretes mal precisam se preocupar com a atuação - afinal, a precisão poética de cada take já parece dar conta, por si, de criar todas as polissemias necessárias. No entanto, a obra ainda tem o grande trunfo de contar com uma reviravolta significativa no enredo, enchendo o espectador de surpresa, expectativa e prazer.
É, se não o melhor filme da vida, no mínimo uma joia rara dentre o cinema brasileiro. Os tempos são difíceis, mas a cultura resiste - e vem gerando bons frutos.
O trailer, de pouco mais de 2 minutos, já é o suficiente para dar uma amostra da incrível fotografia desta obra. Inspirado em um livro do chileno Antonio Skármeta (também autor da história por trás de "O carteiro e o poeta"), o longa capta captura belos elementos da linguagem literária e os transpõe para a tela, transformando tudo em uma deliciosa narrativa, plena em poesia e lirismo.
Longe dos esterótipos do cinema brasileiro (pouca roupa, muito calor, palavrões contabilizados por minuto, espetacularização da violência), o filme consegue atingir aquela rara camada de universalidade particular - revela uma realidade que é nossa, mas que pode ser lida por muitas culturas.
Talvez esta distância dos clichês nacionais esteja relacionada à própria cultura da obra, que retrata uma região de fronteira entre o sul do Brasil e os países vizinhos, entre o português e o espanhol, entre a vida no campo e na cidade. Além disso, a presença forte de Vincent Cassel como um dos personagens principais amplia as possibilidades do enredo - são diferentes línguas, sotaques, vivências em uma só trama, personagens de culturas múltiplas tentando construir uma só história.
Só a fotografia e a trilha musical seriam o suficiente para fazer deste um grande filme. A direção de Selton é tão magnífica que a impressão que se tem é a de que os intérpretes mal precisam se preocupar com a atuação - afinal, a precisão poética de cada take já parece dar conta, por si, de criar todas as polissemias necessárias. No entanto, a obra ainda tem o grande trunfo de contar com uma reviravolta significativa no enredo, enchendo o espectador de surpresa, expectativa e prazer.
É, se não o melhor filme da vida, no mínimo uma joia rara dentre o cinema brasileiro. Os tempos são difíceis, mas a cultura resiste - e vem gerando bons frutos.
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