Esta é uma história de muitos enredos, subtramas, metáforas e reflexões - e, não por acaso, o seu tema principal é uma discussão sobre o fazer literário e o ser escritor na contemporaneidade.
Um escritor argentino, radicado há 40 anos na Europa e vencedor do Nobel, recebe um convite para regressar a sua cidade natal para participar de conferências sobre literatura. Inicialmente relutante, acaba aceitando a proposta - que, muito mais que um breve passeio, se revela um retorno às verdadeiras origens do ser.
Uma vez em seu solo, novamente territorializado, o protagonista já não consegue manter o ar frio e distanciado de sua persona europeia; o pampa argentino exige dele a aceitação divertida do kitsch, a afetividade exacerbada, o erotismo confidente, o enfrentamento de velhos traumas. É uma bonita metáfora dos nossos reencontros ao longo da vida - com o outro e com o nosso eu.
Ainda que a Argentina seja retratada como esse lugar de afeto-desafeto, em que alegria e pesar são separados por linhas tênues, é muito difícil falar em estereótipos. Mesmo que se trate de um retrato parcial, de um povoado específico do interior, é possível lê-lo de forma mais ampla, como uma alegoria das dores e alegrias de ser latino-americano - sem, contudo, cair na generalização rasa. Assim, além de uma trama belíssima sobre o uso das palavras, este é um filme que não esconde as suas origens e que coloca em xeque a latinidade, com toda a sua violência e amor.
Um escritor argentino, radicado há 40 anos na Europa e vencedor do Nobel, recebe um convite para regressar a sua cidade natal para participar de conferências sobre literatura. Inicialmente relutante, acaba aceitando a proposta - que, muito mais que um breve passeio, se revela um retorno às verdadeiras origens do ser.
Uma vez em seu solo, novamente territorializado, o protagonista já não consegue manter o ar frio e distanciado de sua persona europeia; o pampa argentino exige dele a aceitação divertida do kitsch, a afetividade exacerbada, o erotismo confidente, o enfrentamento de velhos traumas. É uma bonita metáfora dos nossos reencontros ao longo da vida - com o outro e com o nosso eu.
Ainda que a Argentina seja retratada como esse lugar de afeto-desafeto, em que alegria e pesar são separados por linhas tênues, é muito difícil falar em estereótipos. Mesmo que se trate de um retrato parcial, de um povoado específico do interior, é possível lê-lo de forma mais ampla, como uma alegoria das dores e alegrias de ser latino-americano - sem, contudo, cair na generalização rasa. Assim, além de uma trama belíssima sobre o uso das palavras, este é um filme que não esconde as suas origens e que coloca em xeque a latinidade, com toda a sua violência e amor.
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