Roteirizado como uma peça de teatro, o oitavo Harry Potter talvez seja mais uma história sobre o mundo mágico criado por J.K. Rowling do que sobre o seu protagonista. Ainda que quase todos os personagens mais marcantes da saga apareçam, de uma forma ou outra, a verdade é que este enredo se passa em um outro momento, com diferentes expectativas e desafios.
O fato de ter sido dramatizado talvez ajude na linearidade do roteiro - afinal, o teatro não permite descrições muito detalhadas, explicações profundas, uma análise da motivação de cada personagem. Por ser tudo muito dinâmico, o leitor é comprado pelo enredo, mesmo que nem sempre ele seja assim tão verossímil.
Há falhas na lógica da história, no comportamento de personagens (principalmente naqueles que já eram nossos velhos conhecidos), no encaminhamento da trama. No entanto, a linguagem deliciosa e o reencontro com a saga, quase vinte anos depois, tornam esses defeitos facilmente releváveis. Qualquer tentativa a mais será muito forçada; aqui, equilibrado entre uns empurrãozinhos no enredo e um ocultamento de incoerências, a obra ainda funciona. Mas, para o bem dos fãs, que realmente seja a última incursão neste mundo.
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