A ditadura de Vargas não costuma suscitar tantas críticas quanto os governos pós-1964; atenuado por epítetos como "o pai dos pobres", esse período histórico brasileiro não é o principal alvo de críticas ferrenhas. Talvez o mais forte exemplo de libelo contra essa tentativa de fascismo brasileiro seja o romance "Olga" de Fernando Morais, posteriormente adaptado para o cinema.
Em "Memórias do Cárcere" temos, talvez, o mais potente documento contra o varguismo. Graciliano Ramos, então escritor quase iniciante, foi preso sem passar por julgamento. Encarcerado por mais de um ano, foi transferido para prisões em diferentes locais e de distintos tipos, chegando a compartilhar a cela com ladrões, assassinos e bandidos de todos os feitios.
Conhecido por seu cuidado constante com a escrita e sua insatisfação com o resultado final do trabalho, é difícil ponderar o que Graciliano pensaria da publicação deste seu livro inacabado. Última obra de sua vida, as memórias trazem o tom de ficção e confissão do autor em seu mais alto grau - afinal, lidamos com o texto em seu formato bruto, quase sem revisão.
É interessante conhecer o processo de escrita para entender melhor o estilo dessa obra, destoante de boa parte dos trabalhos anteriores de Ramos. Segundo seu filho Ricardo, o livro passou por um processo forte de censura dentro do Partido Comunista, com políticos diversos limando os dizeres de Graciliano, controlando o que poderia ou não vir a público.
Todos esses fatores - pressão do partido, falta de um fecho, aspecto de inacabado - tornam a leitura um tanto penosa. É uma obra excelente, um documento histórico de força, mas bastante cansativo. Graciliano (como sempre) não passa a mão na cabeça do leitor - os aspectos mais sórdidos da prisão são descritos com detalhes bastante incômodos. É de revirar o estômago.
Ademais, acompanhamos a mente do autor-protagonista durante seus meses na prisão. É chocante ver o quanto ninharias causam fortes atritos em um contexto de violência e opressão. Todos esses aspectos são retomados no filme homônimo de 1984, de Nelson Pereira dos Santos.
O diretor não economiza na narrativa, o que gera um longa-metragem de mais de 3 horas. A atuação de Carlos Veneza consegue segurar o interesse do espectador, mas, no geral, também é uma obra muito difícil de ser assistida. O retrato da violência é menos intenso do que no livro, mas é o suficiente para chocar quem o assiste.
Em "Memórias do Cárcere" temos, talvez, o mais potente documento contra o varguismo. Graciliano Ramos, então escritor quase iniciante, foi preso sem passar por julgamento. Encarcerado por mais de um ano, foi transferido para prisões em diferentes locais e de distintos tipos, chegando a compartilhar a cela com ladrões, assassinos e bandidos de todos os feitios.
Conhecido por seu cuidado constante com a escrita e sua insatisfação com o resultado final do trabalho, é difícil ponderar o que Graciliano pensaria da publicação deste seu livro inacabado. Última obra de sua vida, as memórias trazem o tom de ficção e confissão do autor em seu mais alto grau - afinal, lidamos com o texto em seu formato bruto, quase sem revisão.
É interessante conhecer o processo de escrita para entender melhor o estilo dessa obra, destoante de boa parte dos trabalhos anteriores de Ramos. Segundo seu filho Ricardo, o livro passou por um processo forte de censura dentro do Partido Comunista, com políticos diversos limando os dizeres de Graciliano, controlando o que poderia ou não vir a público.
Todos esses fatores - pressão do partido, falta de um fecho, aspecto de inacabado - tornam a leitura um tanto penosa. É uma obra excelente, um documento histórico de força, mas bastante cansativo. Graciliano (como sempre) não passa a mão na cabeça do leitor - os aspectos mais sórdidos da prisão são descritos com detalhes bastante incômodos. É de revirar o estômago.
Ademais, acompanhamos a mente do autor-protagonista durante seus meses na prisão. É chocante ver o quanto ninharias causam fortes atritos em um contexto de violência e opressão. Todos esses aspectos são retomados no filme homônimo de 1984, de Nelson Pereira dos Santos.
O diretor não economiza na narrativa, o que gera um longa-metragem de mais de 3 horas. A atuação de Carlos Veneza consegue segurar o interesse do espectador, mas, no geral, também é uma obra muito difícil de ser assistida. O retrato da violência é menos intenso do que no livro, mas é o suficiente para chocar quem o assiste.
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