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O quinze (Rachel de Queiroz)

Publicado quando a autora tinha apenas 20 anos, "O Quinze" foi um dos primeiros retratos das vidas secas brasileiras, um marco no início da segunda fase do nosso Modernismo.
As críticas da época (que até hoje se reproduzem nas constantes reedições da obra) enfatizavam a falta de sensibilidade da escritora - afinal, como uma mulher poderia ser tão durona?

Assim como o romance de Graciliano, já tão exaustivamente estudado, esta narrativa de estreia de Rachel é tão seca quanto o ambiente que retrata: pouco mais de 100 páginas e uma linguagem bastante direta, sem perder-se em adjetivações excessivas.

Por meio do enxuto, a escritora dá voz a personagens mirrados, esmagados pelo tempo inclemente do Nordeste. A grande seca de 1915 é protagonista na trama e traz consigo morte, desolação, canibalismo e a impossibilidade de todo e qualquer amor.

A jovem autora dos anos 30 não fala de amor romântico, mas repensa o afeto pelas mulheres: algumas leves indicações de um incipiente feminismo já são vistas nesse livro inicial, que, ainda que tão curto e sem prolixidades, sabe dar voz ao que é essencial.




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