O título forte pode afastar, em um primeiro momento, o leitor desavisado da obra. Afinal, o genocídio judeu é um tema que vende, que gera consumo e inúmeras produções questionáveis (vide o título do livro de Augusto Cury - "Holocausto nunca mais"). No entanto, além de a comparação realizada pela jornalista Daniela Arbex ser muito razoável, ela não é inédita, como descobrimos ao longo da leitura. A situação retratada já havia sido equiparada ao Holocausto há cerca de 50 anos, por um famoso psiquiatra italiano.
O livro revela o histórico do maior hospício do Brasil, localizado em Barbacena, onde mais de 60 mil internos morreram. O ponto forte da obra são as entrevistas com os poucos sobreviventes, que nos levam a descobrir que a maior parte deles fugia dos quesitos de "normalidade" por serem párias sociais (e não necessariamente terem alguma doença mental).
Ser estuprada e engravidar do patrão; ser tímido; questionar o salário desigual; morar nas ruas - todos eram considerados motivos suficientemente bons para trancafiar em Barbacena aqueles que não se ajustavam socialmente. Dentro do hospício, as condições desumanas nos lembram, inclusive visualmente, o cenário dos campos de concentração: internos andando nus, tendo como única refeição uma sopa rala e dormindo uns em cima dos outros para tentar sobreviver ao frio do interior mineiro. Fora os choques elétricos - recurso usado a ponto de provocar queda de energia na cidade.
O tom de Daniela Arbex é meloso; ainda que o conjunto final seja bom, não atrai para conhecer mais da sua obra. A escolha de tema e o esforço em entrevistar os sobreviventes é, contudo, louvável, e o resultado compensa o excesso de pathos da escrita.
O livro revela o histórico do maior hospício do Brasil, localizado em Barbacena, onde mais de 60 mil internos morreram. O ponto forte da obra são as entrevistas com os poucos sobreviventes, que nos levam a descobrir que a maior parte deles fugia dos quesitos de "normalidade" por serem párias sociais (e não necessariamente terem alguma doença mental).
Ser estuprada e engravidar do patrão; ser tímido; questionar o salário desigual; morar nas ruas - todos eram considerados motivos suficientemente bons para trancafiar em Barbacena aqueles que não se ajustavam socialmente. Dentro do hospício, as condições desumanas nos lembram, inclusive visualmente, o cenário dos campos de concentração: internos andando nus, tendo como única refeição uma sopa rala e dormindo uns em cima dos outros para tentar sobreviver ao frio do interior mineiro. Fora os choques elétricos - recurso usado a ponto de provocar queda de energia na cidade.
O tom de Daniela Arbex é meloso; ainda que o conjunto final seja bom, não atrai para conhecer mais da sua obra. A escolha de tema e o esforço em entrevistar os sobreviventes é, contudo, louvável, e o resultado compensa o excesso de pathos da escrita.
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