Quem tem medo de Hilda Hilst? Reduzida a adjetivos antagônicos - entre pornográfica e hermética -, a poeta foi pouco lida, muito criticada, publicada de maneira exígua ao longo de sua extensa carreira dedicada exclusivamente à literatura. Aos poucos, a desconstrução de tabus literários tem colocado nossas grandes escritoras ao sol, como no caso de Hilda. Afinal, basta ler alguns de seus potentes versos para percebermos o quanto o descaso da crítica e do público foi imerecido e superficial.
Excluída de livros didáticos, a autora seria um excelente contraponto a tantos melosos e infinitos poemas feitos em homenagem à amada - de renascentistas a parnasianos, nos pareceria que a sina da mulher é ser objeto, e nunca a dona do seu canto. Os versos de Hilda, em que o eu lírico feminino tenta seduzir o seu homem, transformando-o em posse, conquista, território, são avassaladores.
Nada da pose de espera, submissão. Neste livro a mulher é dona do que quer, ainda que seu desejo amoroso por vezes seja malogrado. Afinal, o simples ato de cantá-lo abertamente, em oferenda e convite, já é vitória.
A parte final ("Poemas aos homens de nosso tempo") segue a temática do louvor, mas agora direcionado àqueles que lutaram por seus direitos, reivindicaram sua voz. Animal político, fera sedutora, dona de um canto capaz de abalar o mundo com um só sopro - Hilda mete medo e poesia em iguais doses.
Excluída de livros didáticos, a autora seria um excelente contraponto a tantos melosos e infinitos poemas feitos em homenagem à amada - de renascentistas a parnasianos, nos pareceria que a sina da mulher é ser objeto, e nunca a dona do seu canto. Os versos de Hilda, em que o eu lírico feminino tenta seduzir o seu homem, transformando-o em posse, conquista, território, são avassaladores.
Nada da pose de espera, submissão. Neste livro a mulher é dona do que quer, ainda que seu desejo amoroso por vezes seja malogrado. Afinal, o simples ato de cantá-lo abertamente, em oferenda e convite, já é vitória.
A parte final ("Poemas aos homens de nosso tempo") segue a temática do louvor, mas agora direcionado àqueles que lutaram por seus direitos, reivindicaram sua voz. Animal político, fera sedutora, dona de um canto capaz de abalar o mundo com um só sopro - Hilda mete medo e poesia em iguais doses.
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