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Julieta (filme de 2016)

Ao assistir a "Julieta" apenas com o desejo de revitalizar minha lista de filmes de Almodóvar, não foi sem surpresa que reconheci, na trama, o enredo de contos do livro "A fugitiva", da canadense Alice Munro. E para aumentar a satisfação, os contos em que o diretor espanhol se baseia são justamente os que mais me encantaram no volume lido.

Com personagens devastados por segredos do passado (uma característica bem cara a Almodóvar), a trama é permeada por flashbacks enigmáticos, que pouco explicam ao espectador. É apenas conforme o filme vai avançando que conseguimos juntar as peças que dão o encadeamento a narrativa, pontilhada de pequenas tragédias pessoais.

O mais interessante no recorte proposto pelo diretor são os jogos de espelhamentos. Em uma relação que talvez não tenha sido tão clara para mim durante a leitura dos contos, há uma série de duplos e de repetições ao longo da narrativa. As histórias são, de certa forma, cíclicas, com um desenlace já previsto (e do qual não se pode fugir, como em toda boa tragédia grega). Ainda que não componha a melhor produção de Almódovar, é uma leitura interessante (principalmente para quem se interessa pelas obras de Munro).


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