Primeiro livro de uma escritora de 23 anos, que até então havia se dedicado prioritariamente ao estudo da música, "O coração é um caçador solitário" me conquistou aos poucos. Durante as primeiras 50 páginas, a escrita de McCullers me pareceu repetitiva, óbvia, desprovida de estilo. A impressão inicial é a de estar diante de um livro feito sob medida, resultado de algum curso de iniciante a escritores.
Se o começo não convence, aos poucos as personagens vão ganhando força e criando relações de interdependência que são muito interessantes. Enquanto a obra se centra em seu protagonista, pouco tem a oferecer ao leitor; no entanto, com o aparecimento das figuras secundárias, a história consegue se expandir de maneira surpreendente.
O livro trabalha consciência de classe, relações de dominação, o contexto histórico de um Estados Unidos racista e retrógrado. No entanto, acima de todas essas discussões, há um debate mais urgente sobre nossa essência de seres solitários. Como em uma quadrilha drummondiana, os personagens de McCullers estão sempre projetando expectativas no outro - que se torna inalcançável, mesmo sendo tão próximo.
Se o começo não convence, aos poucos as personagens vão ganhando força e criando relações de interdependência que são muito interessantes. Enquanto a obra se centra em seu protagonista, pouco tem a oferecer ao leitor; no entanto, com o aparecimento das figuras secundárias, a história consegue se expandir de maneira surpreendente.
O livro trabalha consciência de classe, relações de dominação, o contexto histórico de um Estados Unidos racista e retrógrado. No entanto, acima de todas essas discussões, há um debate mais urgente sobre nossa essência de seres solitários. Como em uma quadrilha drummondiana, os personagens de McCullers estão sempre projetando expectativas no outro - que se torna inalcançável, mesmo sendo tão próximo.
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