A crônica que intitula esta reunião de escritos de Rubem Braga é uma das que menos gosto no livro; é um dos casos em que não consegui relegar a ideia de que o autor pertence ao século passado, com um discurso carregado das vozes de seu tempo. Por mais suave e enamorador que seja Braga, há certas nuances de desigualdade de gênero em sua obra - e é preciso saber considerá-las sem cair em um juízo anacrônico.
Por difícil que seja distanciar a leitura dos nossos valores atuais, de nossa vontade de desconstruir vozes passadas, o fato é que Braga continua sendo um escritor de uma obra rica e variada - ainda que pincelada aqui e ali por algum preconceito de época.
"A traição das elegantes" traz algumas das crônicas e passagens mais bonitas que li do autor até então. Neste livro, já homem maduro, o artista reflete sobre o tempo que passa e tão poucos rastros deixa. As críticas à ditadura e ao fascismo são igualmente interessantes, e ajudam a não deixar que o tempo transforme Braga no dono de um discurso opressor - antes de tudo, trata-se de um camarada.
Por difícil que seja distanciar a leitura dos nossos valores atuais, de nossa vontade de desconstruir vozes passadas, o fato é que Braga continua sendo um escritor de uma obra rica e variada - ainda que pincelada aqui e ali por algum preconceito de época.
"A traição das elegantes" traz algumas das crônicas e passagens mais bonitas que li do autor até então. Neste livro, já homem maduro, o artista reflete sobre o tempo que passa e tão poucos rastros deixa. As críticas à ditadura e ao fascismo são igualmente interessantes, e ajudam a não deixar que o tempo transforme Braga no dono de um discurso opressor - antes de tudo, trata-se de um camarada.
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